22.12.10

Valores invertidos

O ano está acabando e, provavelmente, alguns de nós estamos exercendo toda a bondade e  generosidade armazenada durante 2010, doando roupas velhas, pratos de sopa ou cestas básicas para aquelas pessoas miseráveis que vemos todos os dias, mas ignoramos. Chega essa época e as pessoas adoram parecer melhores do que são, né?

A verdade, gente, é que os valores andam invertidos. Amar ao próximo como a si mesmo? Isso só existe na Bíblia. A maioria das pessoas está pouco se fodendo para o próximo. O individualismo é um fator chave na vida que levamos atualmente e infelizmente não há como voltar atrás.

Em todos os lugares, as pessoas só pensam em passar a perna umas nas outras. Sabotam, trapaceiam e fazem fofocas porque não existe mais a preocupação com o bem-estar de ninguém e é muito desagradável perceber que estamos rodeados por inimigos ocultos, já que fica muito difícil descobrir de onde vem a rasteira que te derruba.

Devo confessar que estive muito brava com essa filhadaputice, principalmente, porque tomou conta da minha realidade. Já encontrei muita gente sem-vergonha no meu caminho, gente baixa mesmo, que não valia nem o prato que comia. Mas esses fatores isolados não me afetaram tanto quanto várias facadas nas costas de uma vez só.

Sabe quando um monte de coisas ruins te acontecem de uma vez só e você não tem nem ideia de onde vieram os tiros? Passei por uma fase assim há não muito tempo atrás e me deu muita vontade de passar para o time dos maus. Sério. Fiquei extremamente zangada por perceber que as pessoas só faziam aquilo comigo porque eu estava sendo boazinha demais. Quer dizer, burrinha demais. Dá para ser bom e esperto ao  mesmo tempo, agora sei disso.

De qualquer maneira, uma coisa que uma amiga me disse chamou muito minha atenção – “o negócio é ser do bem, porque do mal já tem muita concorrência”. E se formos parar para pensar, o fato de você ser mau não impede de serem sacana contigo, a única diferença é que, de certa forma, terá merecido o que aconteceu.

Bom, mas agora tudo passou e eu tenho certeza do que quero pra mim. Vou continuar a ser quem eu sou, independente de quantas vezes eu cair ou de quem me derrubar. Claro que vou filtrar pessoas e situações, para aos poucos formar ao meu redor uma rede de confiança que sempre irá me segurar quando eu precisar.

Quanto aos espertinhos de plantão, que sacaneiam o ano inteiro e vem bancar o bonzinho durante as festas de fim de ano, só tenho uma coisa a dizer: estamos de olho! 

Revisão Felipe Rui 

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Recebi o texto de um grande amigo e vou postá-lo aqui para compartilhar com vocês as ideias dele a respeito de ética e escolhas. Espero que gostem!



Refletindo sobre as nossas escolhas....

Marco Antonio Lima do Bonfim[1]

“Os valores não são ‘pensados’ nem ‘chamados’, mas vividos”
(Edward Palmer Thompson)


Vivemos com certeza num mundo de valores e por ser assim, vivemos constantemente fazendo “escolhas”. Escolhemos o que comprar, o que comer, vestir, etc. Escolhemos como e em quê empregaremos nosso dinheiro, dentre tantas escolhas que fazemos diariamente. Mas, você já parou para pensar como ou o quê nos leva a optar, por exemplo, por um estilo de filme que pretendemos assistir? Se sim, concordaremos que somos reflexivos em cada escolha que fazemos de tal forma que deveríamos “ser responsáveis pelos sentidos que construímos para as coisas” (no mundo). Porque nossas escolhas têm conseqüências, não digo boas ou más (sem essa de ser dicotômico!), mas éticas.
Podemos mergulhar de uma só vez nessa questão a partir de um dos filmes de Fernando Meireles, (é aquele mesmo que adaptou o livro “Ensaio sobre a cegueira” para o cinema), “O jardineiro fiel”. O filme se passa no contexto das questões relativas à saúde pública no continente africano, os dois protagonistas são um diplomata britânico (“Justin”) e sua esposa (a repórter “Téssa”). O enredo se desenvolve a partir de uma certa “máfia” que existe entre o Governo britânico e algumas indústrias farmacêuticas, este “acordo de gigantes” previa que tais indústrias usassem os/as africanos/as como “cobaias” em sua empreitada “científica” testando um suposto remédio para a cura da tuberculose. No entanto, tais testes ao invés de reforçarem a vida, arrancaram-na da população africana com o pretexto de que tais vacinas fossem contra a AIDS.
Enfim, não entrarei em mais detalhes, o que nos interessa deste filme são apenas duas cenas. Na primeira, “Justin” e “Téssa”, esta já grávida, estão em solo africano dentro do carro, quando “Téssa” vê uma mãe africana com um bebê no colo cambaleando de fraqueza para sua distante localidade. A esposa do diplomata pede ao mesmo para parar o carro e dar uma “carona” para eles. Mas, “Justin” argumenta que “as Nações Unidas estão aqui para isso. Se abrirmos exceção para um teremos que abrir para todos”.
Ora, o que se vê nesta cena nada mais é do que uma “escolha” feita por “Justin” baseada em valores que acredita. Assim, como a vontade de “Téssa” em ajudar as/os africanas/os está também amparada em valores outros que não os de  seu marido.
Mergulhemos um pouco mais e vamos para a segunda cena. Nela “Justin” está em uma das comunidades africanas “ajudadas” pela ONU quando de repente, aparecem outros povos que invadem o lugar matando todos que lá se encontravam. “Justin”, um médico “voluntário” e uma criança africana fogem e conseguem chegar até o Avião da ONU, o (agora) ex-diplomata pede ao piloto para levar a criança, mas a mesma não aceita. “Justin” tenta suborná-lo, mas ele diz “limpo e seco”: “Aqui as regras são essas!”. E a criança ( como que obedecendo a um certo “código social”) prossegue por “vontade própria” correndo no meio do deserto africano.
Ao contrário da outra cena, vimos que “Justin” motivado por outros “valores” e “experiências” escolheu significar sua atitude de outra forma. Por quê? E mais, essas tais “regras”, a que se referiu o piloto do avião, por que são assim? Ou melhor, porque tem que ser estas regras (sociais) e não outras?
Da forma como foram representadas no filme, o que parece (talvez) é que estas regras não são sociais, foram impostas do nada e “tem que ser assim se não...”. Ou seja, seres humanos estavam (estão) sendo “cobaias científicas” de experimentos que servem a um sistema desumano e asqueroso – o capitalismo – e  tudo que podemos fazer é “aceitar” que “as regras são essas!”?
Penso que se os valores não caíram do céu (nem do inferno!), e se não são “pensados”, nem tampouco “chamados”, mas “vividos” como disse o historiador inglês   Edward P. Thompson. A interpretação que podemos ter destas cenas é que nós não seguimos regras naturais, mas aprendemos valores, valores estes que guiam nossas escolhas que inevitavelmente terão implicações ético-políticas para nossas vidas e para as vidas de outros sujeitos sociais que estão neste mundo vivendo suas “experiências” das maneiras mais variadas e contraditórias.
Se refletirmos assim, poderemos então contribuir para a (re)construção de outros valores que não estes que por aí estão?


[1] Mestrando em Lingüística Aplicada na Universidade Estadual do Ceará. E-mail: marcoamando@yahoo.com.br

15.12.10

Presente/Passado

Quando paro para esmiuçar o que me trouxe até aqui, ou seja, minhas atitudes, decisões, dúvidas e escolhas, sinto uma leve saudade e um grande alívio. Confesso que sinto falta de como eram algumas coisas. Tudo era bem mais simples na infância e não digo isso por causa da mordomia de morar na casa da minha mãe, mas sim porque conviver com as pessoas era mais tranquilo. Não tínhamos tanto medo, não éramos tão isolados em nossas fortalezas particulares e confiávamos mais uns nos outros. Sabe que quando lembro das conversas até tarde na porta de casa, das balas compradas na quitanda e até mesmo nos crediários em lojas de roupas, sinto que essa fase tranquila da vida ficou perdida em um tempo que jamais voltará.

Aliás, todo mundo que viveu sua infância entre os anos 70, 80 e um pouquinho dos anos 90 sabe do que estou falando. Ninguém pode negar que lembrar dessa época traz um gostoso sentimento de nostalgia, não apenas por remeter às lembranças infantis, mas porque existia uma aura de encantamento que hoje está desfeita. Longe de mim fazer comparações, mesmo porque a realidade é outra, mas converse com uma criança hoje e verá que não estou exagerando. Obviamente, a felicidade para elas existe de uma maneira diferente. Dê em suas mãozinhas um Playstation, um notebook com internet ou uma TV à cabo que nem sentirão falta de ir se sujar no playground ou no parquinho da praça.

Não sei vocês, mas a parte interessante de relembrar como era a vida durante minha infância é que, apesar da sensação boa que as lembraças trazem, me sinto feliz que ela esteja só nas lembranças. Porque por mais que eu tenha saudade, também me sinto aliviada por ter me libertado de inúmeras sensações que me atormentavam quando era mais nova. O que era obscuro ficou claro. O que machucava se curou. O inviável se tornou possível. E o mais importante, muito do que era vital, deixou de ser importante. Sem contar que à medida que vamos amadurecendo, por mais difícil que a transição seja, nada nos tira a vantagem de sermos donos dos nossos próprios narizes, né?

Nessa fase de adaptação e, principalmente, mudanças, muita gente tenta se esconder da evolução natural da vida. São os adultos que continuam sem rumo definido, morando por tempo indeterminado na casa dos pais, sem decidir exatamente o que pretendem fazer das suas vidas. O pior de tudo, é que se mantém apegado aos velhos manuais, conceitos ultrapassados e roupas que não servem mais. Há também aqueles que adoram guardar quinquilharias na cabeça e no coração e sempre vão sendo puxados para trás pelas velhas e boas lembranças. Ou ruins... Cada pessoa com sua trajetória.

De qualquer maneira, a passagem do tempo foi feita para sentirmos uma certa nostalgia mesmo. Ter saudade do que foi bom, porém sabendo que aquilo deve ficar para trás. E também, para agregar ao nosso eu, quem fomos e quem somos, em uma mesma receita infálivel, que nunca está pronta. Afinal, nossa personalidade está eternamente em construção.

Revisão Felipe Rui.

Oi gente! Tô em falta com o blog... Desculpem a falta de postagem. O texto dessa semana era outro que virou esse. Talvez esteja meio confuso, como eu nos últimos dias. rs Mas como sempre, espero que gostem e comentem a respeito. Beijos!


5.12.10

Sua majestade, a Bunda.


No Brasil, há décadas, a bunda feminina tem sido preferência nacional. Estão aí os comerciais de cerveja e os grupos de axé que não me deixam mentir. Inclusive ,já vi ser divulgado casos de moças que colocaram seus preciosos bumbuns no seguro. Vide Carla Perez, ícone “bundolístico” dos anos 90. Entre essas e outras historietas, o culto à essa protuberante parte do corpo, especialmente o feminino, já foi muito discutida por aí.

Atualmente, com a popularização do silicone, muitas desbundadas passaram a aderir à práticas cirúrgicas, para dar aquela incrementada no corpitcho. Os peitos, claro, são os campeões na aquisição de litros do produto, mas ao longo dos anos a bunda também passou a ocupar seu digníssimo espaço na lista dos siliconados.

A forte disseminação de um novo padrão estético no Brasil também tem levado muitas moçoilas a suar os glúteos na academia. Obviamente, que cada caso é um caso, pois nas passarelas e nos editoriais de moda, por exemplo, ainda predomina o estilo “sou anoréxica e feliz”. Mas nas novelas, na música -axé, funk e forró são os ritmos que mais aderem à causa – e nos realities da vida, se não for gostosa, you’re out! E dá-lhe investimento no popozão. Aliás, grande parte dessas mulheres só se sentem felizes e aceitas quando estão na base do ÃO – bundÃO, coxÃO e peitÃO.

O que será, então, que os homens acham disso? Uma bunda atraente chama mais atenção que uma cabeça pensante? Ou o conjunto da obra passou a ser mais importante que uma mera parte da anatomia feminina? Eu, claro, não perdi a chance de fazer uma breve pesquisa a respeito. Aproveitei o Twitter e o Facebook para perguntar aos amigos e cheguei às seguinte conclusões:

1.       1. A bunda continua sendo um fetiche para a maioria dos homens, mas 4 entre 10 deles preferem peitos.
2.       2. O fetiche para a maioria dessa maioria é mais sexual que estético. Eles até comentam “nossa, que bunda gostosa”, mas no fundo no fundo, querem mais que só olhar e pegar, se é que me entendem. O visual só é mais valorizado pelas mulheres entre si.
3.       3. Em contrapartida, os homens (inteligentes) passaram a considerar mais o conjunto, o que inclui no pacote a personalidade, humor e inteligência. Mas não se iludam, meninas. Eles ainda só querem te comer, pelo menos no começo. Rs
4.       4. As mulheres realmente querem que os homens gostem de sua bunda. É lorota dizer que não quer ser chamada de gostosa e que preferem ser elogiadas por seu alto QI.
5.       5. Elas também reparam na bunda dos homens, mas são mais exigentes. Não adianta ter uma bundinha gostosa, se a cabeça for oca. Salvo raras exceções, em que dá para fazer o cara ficar calado, enquanto você aproveita o resto. 

Enfim, acredito que estamos quase no mesmo nível dos Estados Unidos na preferência por peitos e agora com a nova forma de pensar dos homens (ressalto: apenas os inteligentes), acho que a bunda já não reina absoluta em nosso país. Ela, claro, continuará parte do imaginário masculino e isso nunca irá mudar. Porém, a briga Peitos x Bundas está no auge. Só que está aí uma luta de atributos em que não entro. As gostosas que se matem! Sou do time das magrelas forever.

Revisão Felipe Rui.

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Well, garotchenhos e garotchenhas, é o seguinte: esse post foi uma sugestão do amigo Rodrigo Furquim, que quis fazer um opinião x opinião entre nós dois. Eu meio que burlei as regras e peguei umas opiniões com os amigos, mas ele se fez o texto dele por conta e vou compartilhar com vocês.
Até semana que vem. Beijunda!


Eis aqui, uma opinião puramente masculina sobre nosso assunto da semana. Enjoy! 


Bunda

Considero-me um ser super sincero, e faz parte do kit de sinceridade falar o que é relativamente fácil, falar mal dos outros, expondo suas fraquezas, seus defeitos, suas incongruências.
Nada me da mais prazer que achar uma pessoa extremamente hedionda na rua, pois isto é um ótimo pretexto para debulhar sobre sua feiúra, com toques de sadismo inigualáveis, deixando despido o objeto de profanação.
Porem quando algo é espetacularmente belo, não resisto e no ímpeto de ser o Senhor Super Sincero (SSS), literalmente me fodo, nos mais diversos comentários e situações.

Vi uma bunda espetacular.

No jantar em meio à repentina fobia das mais diversas pessoas, feias e bonitas, gordas e magras, loiras e morenas, raras vezes negras. Desatento com o universo, atento somente a minha fome insistente versus meu grau crescente de irritabilidade.
Observo um cenário eu destoa do restante do restaurante, uma bunda perfeita, sem nenhuma aparente imperfeição, grande na medida certa, nem gigante para ser um fogaozão, nem pequena para gerar comentários do tipo “Esqueceu a bunda em casa, minha filha?”.
Meu coração disparou, me apaixonei instantaneamente por aquela forma abençoada, se não foi feita diretamente por Deus, foi dada pelo Diabo, como arma de sedução em massa.

Por um momento todo aquele volume me enfeitiçou.

Difícil resistir e guardar toda aquela maravilha só para mim, como a descoberta de uma fórmula nova ou um tesouro, o ímpeto de propagar o achado é maior do que o egoísmo de guardar a descoberta para si próprio.
Divido... Logo percebo que me ferrei.
Minha empolgação em relação aquele bumbum abençoado desperta em minha companheira um desprezo tão profundo, que mesmo enfeitiçado, percebo que pisei na bola e que toda forma de sinceridade deve ser direcionada de forma que não deve ser interpretado como falta de sensibilidade ou de tato.
Desconforto é o que me resta pelo resto da noite, sem o feitiço, pois ele é presencial!
Torço para que a bunda perfeita não acabe com o resto da minha praia e o desconforto gerado por aquele instrumento de profanação de relacionamento suma pela manhã, pois bunda é igual a uma bola arremessada ao céu, ela sempre cai.
 Rodrigo Furquim.

28.11.10

"Não há lugar como o lar."

Como um pássaro que acabou de aprender a voar, sempre sonhei alçar voos mais altos. Mesmo feliz com minha família e amigos, eu tinha em mente mudar de cidade, conhecer novos lugares e ir por aí, sem lenço nem documento. Sendo assim, desde muito pequena, quando ficava brava com algo, meu primeiro desejo era ir embora. Como se o fato de mudar para um lugar diferente fosse capaz de aplacar minhas frustrações. Sempre que isso acontecia, minha tia pegava uma mala velha que tínhamos em casa e, sorrindo, mandava eu colocar minhas roupas ali e partir.

Quando completei 19 anos, arrumei mesmo minhas malas e parti para o desconhecido. Eu tinha um plano e a vida me deu a chance de cumpri-lo. Confesso que nada saiu como planejei e foi duro descobrir que eu estava sozinha para enfrentar minhas próprias escolhas. Algumas certas, outras muito erradas, mas todas elas eram, a partir do momento que coloquei os pés para fora de casa, minha responsabilidade.

Obstinação sempre foi meu nome do meio e o que me tornou capaz de continuar. Afinal, mesmo quando a noite chegava e eu me deitava na cama, chorando sem ter com quem conversar, eu sabia que não poderia e nem queria parar. Estava apenas começando.

O primeiro ano da minha nova jornada foi recheado de solidão, insegurança e sofrimento. Mas, em nenhum momento,  a não ser por duas vezes que liguei para minha mãe e outra para minha vó aos soluços, eu quis aceitar que eu poderia e deveria voltar para trás. Aquilo parecia completamente inadimissível, pois seria como se eu estivesse rebobinando, a muito contragosto, a história da minha existência.

Com o tempo, eu aprendi a ser sozinha. Mas, nos seis anos que sucederam a primeira saída de debaixo da asa da minha família, muita gente passou pela minha vida. Morei com uma amiga que só me trouxe problemas, em uma república mista que estava caindo aos pedaços, por dois anos com um namorado que era como o pai que nunca tive, em uma outra república só para meninas, onde fiz três grandes amigas, depois com mais quatro amigas e por fim, com uma das três grandes amiga e o namorado dela. Ufa! Sim, fui meio que uma cigana. Fora isso, tiveram os amigos da faculdade, do teatro, do ballet, das aulas de desenho, dos estágios e empregos...

Quando a faculdade acabou, eu sabia que tinha que ir para casa. Lá estavam recordações da infância e adolescência, pessoas que me amavam, meu quarto, minha cadela... Só que eu ainda não via sentido naquilo e fiquei pelo menos um ano enrolando para decidir. Mas, chegou uma hora que não dava mais para adiar e o destino acabou me dando uma chance de tentar. Nesse ímpeto de confiança, joguei minha apreensão de lado, coloquei minhas roupas de volta nas malas e fiz o caminho oposto. 

A experiência foi interessante. Adorei estar com a família, rever bons amigos, fazr algumas novas amizades, enfrentar antigos demônios que me assombravam e reconstruir a minha imagem de lar. Mas, todos sabemos que um passarinho que já aprendeu a voar, não consegue voltar de vez para o ninho. 

Hoje, cá estou eu, novamente muito longe de casa e contando essa historinha para vocês. Que a propósito, devem estar pensando “nossa, que pessoa mais desapegada”. Não, eu não sou assim e acho que ninguém é. Porque, quando o assunto é família, no fundo, ainda somos crianças. Não importa o quão velhos fiquemos, sempre precisaremos de um lugar para chamar de lar. Porque sem as pessoas que você mais ama, nunca poderá evitar de se sentir sozinho no mundo.

Revisão Felipe Rui.

Então é isso, pessoal. Essa foi a temática da minha semana. Algo que deve ter vindo à tona, porque estou com uma tremenda saudade de casa. Ainda bem que o Natal está chegando e eu vou ficar pertinho da minha família um pouco.
Agora me contem, como é essa relação para vocês?

Beijos e até semana que vem. Que a propósito, vem com um texto quente. hehehe

19.11.10

Add a new friend

É de praxe dizer que amigos são os irmãos que escolhemos. Alguns nos acompanham por uma vida inteira. Outros tem apenas uma breve passagem em nossa história. Mas, é fato que, como já dizia Tom Jobim, “É impossível ser feliz sozinho”. E ao longo de nossa trajetória, buscamos agregar pessoas com as quais nos identificamos.

A infância e a adolescência são períodos fortemente propícios para ganhar o maior número de amigos possíveis. Frequenta-se diversos grupos e, por isso, acaba sendo mais fácil conhecer gente nova. Na escola, no bairro, no inglês, no futebol, no ballet... Não importa! Onde quer que você vá, sempre acaba conquistando a amizade de alguém.

A faculdade, obviamente, também se encaixa aí. Ao começar a frenquentar esse novo universo, você chega cheio de dúvidas e curiosidades e está doido pra compartilhá-lhas com as pessoas. Nada mais normal que ir formando grupinhos que duram em média o mesmo tempo que você passou por lá. Em alguns casos, existem pessoas que conseguem levar, assim como os da infância e adolescência, amigos dali para a vida toda.

Passados os anos dourados, vamos evelhecendo e nos tornamos mais exigentes e sem tempo. Alguns dos amigos que outrora foram imprescindíveis, parecem não mais se encaixar em nossa rotina cheia de horários, prazos, contas, cobranças. Fica cada vez mais complicado manter aquele contato que é tão significativo para a durabilidade das relações. Inconscientemente,  os velhos amigos vão sendo deixados para trás ou embaixo dos inúmeros compromissos diários de sua tão abarrotada vida moderna.

Fora isso, todos sabemos que a vida é permeada por mudanças. Às vezes, nos vemos obrigados a mudar de país, cidade, emprego, escola, bairro e por aí vai. Em outras, apenas escolhemos mudar nossos conceitos, gostos, conduta pessoal, estilo e por que não, amigos?

Eis que aí,  para muita gente, começa uma nova jornada em busca de pessoas que tenham mais a ver com a vida que se tem levado. Porque, por mais que você ame os amigos que trouxe lá de trás, nem sempre consegue administrar essa amizade. Não raro, vemos amigos magoados pelo esquecimento involuntário ou cobrando uma atenção que você sabe que deve dar, mas não pode. Eu, particularmente, tenho esse problema. Por mais que me esforce, tenho grandes dificuldades para manter laços profundos com quem não se encontra em meu convívio diário. Claro que a gente sabe que nenhum e-mail carinhoso, substitui um abraço de verdade. Nenhuma ligação de 5 minutos cobre sua ausência de semanas ou meses. E apenas um presente de aniversário não apaga o fato de que, você só lembrou do seu amigo, porque olhou no calendário e viu que era aniversário dele.

Às vezes olho ao meu redor e me percebo sozinha. Isso não acontece por causa da incapacidade de conquistar pessoas em minha vida. Pelo contrário, tenho ótimos amigos, construi amizades que trago no coração e creio que nunca irão morrer. Mas, eles estão praticamente todos distantes, em cidades opostas, impossibilitados de dar aquele aconchego bom que, às vezes, só quem nos conhece bem pode proporcionar. Amigos instântaneos não servem para isso. Não soa verdadeiro. Ou soa. Depende muito do seu jeito de fazer novos amigos e confiar nas pessoas.

Mas, e aqueles que não conseguem, como eu. Como ficam? Sem amigos, suponho. Sério, porque não sei vocês, mas para mim o termo “Add a new friend” tem funcionado muito mais na vida “internética” do que propriamente na vida real. Está cada dia mais difícil encontrar pessoas que realmente valham a pena ter uma amizade e isso é muito triste.

Por isso, não pensem que vim aqui dizer que todo mundo deve acabar as velhas amizades para começar novas, cada vez que a vida dá um giro de 180°. Pelo contrário, admiro muito quem tem a capacidade de administrar tão bem seu tempo e sua vida a ponto de conseguir dar toda a atenção que os os reais amigos merecem. Hoje, eu só vim compartilhar o quanto tem sido difícil fazer novos velhos amigos de verdade.

Revisão: Felipe Rui

Essa semana estou um tiquinho atrasada porque tive uns contratempos. Mas, tá aí o texto da semana e espero que gostem. Quando pensei em escrevê-lo, foi exatamente para compartilhar com outras pessoas uma dificuldade que é minha, mas que também pode ser de qualquer um.

Um beijo e até semana que vem! 

P.S. Obrigada a todos que deixaram, de alguma forma, uma opinião sobre o texto da semana passada. Digo sempre e repito, esse feedback é importantíssimo pra mim. =) 

10.11.10

Você venderia sua alma?

Quando escolhemos uma profissão, especialmente por afinidade, tudo que desejamos é alcançar o sucesso. Tem gente que chega lá com muita facilidade, seja por mérito ou o famoso QI. Em contrapartida, há aqueles que não conseguem chegar a lugar algum sem ralar muito, correr atrás e ficar em uma constante busca por aperfeiçoamento profissional.

Pergunta: onde começam as diferenças, quando o caminho iniciado é praticamente o mesmo? Teoricamente, somos preparados pela faculdade, sendo ela excelente ou péssima, da mesma maneira. Claro, estágios em sua área e cursos extra-curriculares são um grande diferencial, mas o que eu estou falando aqui é como as oportunidades chegam até nós. Por exemplo, o indivíduo X tem mais êxito profissional que o Y, mas o primeiro chegou lá numa boa e o segundo teve que suar a camisa.

Agora, vou para a segunda pergunta: considerando que você se encaixe na mesma categoria que o camarada Y, aquele que não consegue exatamente nada sem o mínimo de esforço possível. O que você é capaz de fazer para chegar ao topo?

Esses são questionamentos importantes para eu entrar no assunto que realmente vim tratar nesse post. Esses dias, perguntei aos meus seguidores e amigos no Twitter e Facebook: “Você venderia sua alma para ter sucesso profissional?”. Foram respostas extremas, com Não’s e Sim’s bem enfáticos. Um debate bem divertido.

Bom, agora vamos ao que interessa. Não sei quantos de vocês já ouviram isso, mas há muito anos, escuto uma história macabra de que a famosa Rainha dos Baixinhos só alcançou todo o seu sucesso, após fazer um pacto com o famigerado Coisa Ruim, também conhecido como Capeta, Cão Miúdo, Demônio, Diabo, etc. Ou seja, reza a lenda que ela vendeu a alma em troca da fama. Ok, eu não acredito nisso! É uma lenda urbana, sem dúvidas. De qualquer maneira, creio que cheguei onde queria.

Você, que acredita na existência de um espírito, uma alma que transcende nosso corpo, venderia a sua em troca de sucesso profissional? Seria capaz de conviver com a certeza de que jamais habitaria o Reino dos Céus, ou seja lá para onde vamos quando morrermos, para arder eternamente no mármore do inferno sob o espeto do Capeta, só para alcançar o tão almejado lugar ao sol?

E quanto a você,  que tem certeza absoluta de que a alma não passa de uma balela inventada para convencer as pessoas a comprar terrenos no céu. Teria coragem de vender a sua “alma”, aqui no caso, sua dignidade e ideologias em troca de um passe para o alto escalão da classe trabalhadora? Deixaria para trás seus conceitos, pisaria em alguém, mentiria ou engoliria seu orgulho por um salário mais polpudo? Para ser “o escolhido”?

Eu, particularmente, ainda estou nos primeiros degraus da minha escalada profissional. Como muita gente, acredito que a maioria, faço parte do clubinho do senhor Y, aquele do começo do texto, e nada me chega de mão beijada. Tenho dado tropeços e cabeçadas por aí, por isso levantei essa questão da alma comigo mesma. Me fiz exatamente essas perguntas que lancei para vocês anteriormente. Fiquei pensando no que seria capaz de fazer para conseguir o que quero e cheguei a apenas uma conclusão, que pode soar completamente clichê, mas que me deixou em paz. Conclui que por mais que eu caia, sei que quando levanto, estou com mais força e preparada para tentar algo maior. Tenho a convicção de que, ao chegar lá, poderei sentir orgulho de mim mesma por não ter aceitado vender minha alma. A alma nos dois sentidos.

Para finalizar, quero citar dois posicionamentos a respeito da questão levantada. Eles sintetizam bem os extremos, a crença e a descrença, o etéreo e o palpável, o espírito e o corpo.

“A venda da alma ocorre quando você abre mão de algumas coisas ou valores que você acredita fundalmentalmente. Acredito que nós somos carne, alma e espirito. Basicamente.” (Rodrigo Furquim).

“Eu venderia sem problema algum. Alma não existe. Se alguém quiser comprar algo que não existe, venda né. Só deve ficar esperto com os recibos.” (Luiz Otávio Silva).

Revisão Felipe Rui.

3.11.10

Vermelhou!

Segunda-feira, 1º de novembro de 2010. Não lembro como o dia amanheceu. Não vi o céu de Brasília. Não soube se o sol brilhava, se a chuva caía ou se estava simplesmente pintado de cinza. Em contrapartida, lembro da noite anterior. Não era uma noite comum, não estava negra como de costume. Estava colorida por um vermelho vivo, vibrante, emocionante. Para alguns, essa vermelhidão eminente tinha o sabor amargo da derrota, inconformismo e insatisfação. Para outros tantos, era doce, com um sabor inconfundível de felicidade, êxtase, confiança e vitória.

Posso dizer que sempre simpatizei com Lula, porque isso vem de raízes familiares. Quando criança, fui aos seus comícios na minha cidade e na estante da sala na casa de minha mãe, tem uma foto minha abraçada a ele, aos 10 anos de idade. Mas, fora esse fato histórico pessoal, isso nunca chegou a me interessar de fato e por muito tempo estive apática. Claro, eu acompanhava por noticiários e revistas os diversos momentos marcantes desses oito anos do governo Lula. Eu sabia o que estava acontecendo, mas não me importava. Eu vivia em cima de um confortável muro lilás. (rosa não é minha cor favorita - risos).

Quando foi lançada a candidatura de Dilma, eu nem tinha noção se realmente iria apoiá-la. Como muita gente por aí, eu também dizia que não conhecia aquela mulher. Só que aí pensei, por que não? Por que não posso conhecê-la? Como posso dizer que não quero essa pessoa governando meu país, se não tenho sequer conhecimento sobre quem ela foi e quem é. Foi o que fiz. Aliás, foi o que fizeram por mim, porque teve uma pessoa em especial que me mostrou não apenas sobre ela, a candidata, mas a respeito de todo um universo por trás daquilo que eu achava que sabia sobre Política.

Confesso que em diversos momentos eu pensei em voltar para cima do muro. Fui descobrindo um submundo de mentiras e alianças interesseiras que me davam ânsia e o mais complexo, pra mim, foi aprender a aceitar que Política é para quem tem estômago forte. Que a corrupção, infelizmente, está presente em todos os partidos e que cada um deles, tem sua cestinha de maçãs podres. Quer dizer, é ingenuidade afirmar que o Governo Lula foi o mais corrupto da História desse país. Todos os mandatos anteriores também tiveram corrupção, a diferença é que foi quase tudo muito bem encoberto. O que é muito pior!

Durante todo esse percurso de descobertas tardias eu ainda tinha medo de me expor, de entrar em debates onde não conseguiria comprovar, com dados estatísticos, o que eu dizia. Porque no fundo, no fundo, não estava madura o suficiente. A eleição de 2010 foi a primeira em que eu realmente quis saber o “porque dos quais e os poréns”. Eu estava ali, lendo, ouvindo, questionando e aos poucos, tive certeza do que eu queria, não apenas pra mim, mas para meu país. Foi quando eu pude defender de verdade uma convicção política, quando eu ousei declarar abertamente no que eu acreditava e escancarar tudo que eu pensava ou sentia, sem medo de ser feliz.

No fim de tudo, nem acompanhei o “rebuliço” da Dilma, como disse minha mãe. Não fui para a rua comemorar sua vitória. Era desnecessário, porque eu sabia que a maior comemoração acontecia dentro de mim e de todos os brasileiros que votaram nela. Que acreditam que o país pode de fato seguir mudando, melhorando, crescendo e aparecendo, por suas qualidades.

Então, amigos, é chegada à hora de encerrar as “guerrinhas partidárias”. Não há mais a disputa esquerda x direita, PT x PSDB, Dilma x Serra... Não é mais o momento de desdenhar a pessoa escolhida por grande maioria dos brasileiros, nem de desacreditar na sua capacidade de fazer melhorias por afirmar ser ela uma total desconhecida no âmbito político, mesmo porque, ela não é. Teremos quatro anos para saber do que Dilma é capaz. O Brasil saberá e o mundo também.

Desejo sinceramente que os próximos anos sejam os melhores e que possamos viver em um país mais digno e com a tão sonhada igualdade. Que os preconceitos sejam postos de lado, pois independentemente do estado que nascemos e vivemos, das nossas escolhas partidárias e das nossas diferenças culturais, todos queremos a mesma coisa: um país mais justo e democrático. Sem ilusões, sem demagogias e, principalmente, sem guerras particulares.

Obrigada a todos que tem visitado o blog e tem deixado seus comentários. Quem entra e não comenta, também é bem-vindo. Todos sempre são!

Quem gostou do tema dessa semana, também pode gostar:

Até semana que vem e que nosso Brasil siga mudando.

Beijos!

Revisão Felipe Rui.

27.10.10

O fator fã.

Quando um músico é realmente bom no que faz, ele consegue arrematar para si uma legião de pessoas que admiram e acompanham seu trabalho: os fãs. A relação fã/ídolo é uma temática que nunca deixou de ser discutida na esfera artística. Existem histórias ótimas a respeito disso, mas também tem as trágicas. O assassinato de John Lennon não me deixa mentir.

Tenho uma amiga que é fã de Engenheiros do Hawaii. Ela viaja longas distâncias só para acompanhar shows com um repertório que ela possivelmente conhece de cor e salteado. Já dormiu em rodoviária, madrugou em frente ao hotel em que estavam hospedados, levou bronca do chefe por faltar para viajar... Ao ser questionada se não acha tudo uma perda de tempo, ela responde, como qualquer fã incondicional, que tudo vale a pena se for para acompanhar de perto o trabalho da banda que ela ama. Sobre seu ídolo Humberto Gessinger, ela é sincera ao dizer que ele é um cara chato, mas isso não diminui sua dedicação ao acompanhar o trabalho dele. Afinal, ele é atencioso com quem o procura para fotos e autógrafos, mesmo que nem sempre esboce sorrisos e esbanje simpatia. Esse caso é apenas um exemplo de uma fã sensata que consegue reconhecer que por trás do artista existe uma pessoa comum, que tem vida além dos palcos e como qualquer outra tem seus dias de indisposição. Algo que nem todos entendem.

Não é difícil encontrar músicos taxados de arrogante por aí, pela mídia e até mesmo pelos próprios fãs. Alguns obviamente merecem a fama que tem. Liam e Noel Gallagher do Oasis são disparados o melhor exemplo que tenho para citar. Pelo que muitos dizem, os caras consideram sua banda a melhor do mundo e dizem vender mais discos que a Bíblia.  Ao fazer uma pesquisa rápida entre amigos, também foram citados João Gilberto, Los Hermanos, Caetano Veloso, Lulu Santos, Metallica e Tico Santa Cruz. Cada um deles citou a motivação que os levaram a pensar que as atitudes desses artistas eram consideradas arrogância. João Gilberto, por exemplo, foi citado por sua má vontade em dar entrevistas, Tico por achar que é o cara mais intelectual da face da Terra e o Metallica por um episódio de 10 anos atrás quando, por meio de uma ação judicial, proibiu um programa que baixava e compartilhava músicas pela Internet.

Essa discussão é abrangente e pode tomar rumos diversos. Esses dias li um texto que avaliava essa questão a partir da visão dos fãs. Pois, tem muita gente que reclama dessa postura mais arredia quando é travado o corpo a corpo fora dos palcos. A recusa de um autógrafo, uma foto, um aceno, uma entrevista e até mesmo um sorriso é vista com maus olhos, já que acaba sendo considerado desrespeito e desatenção com aqueles que fazem o cantor ou a banda se manterem nas paradas do sucesso.

Minha opinião é diferente. Ser sempre simpático, ter boa vontade e disposição para agradar milhões de desconhecidos que se jogam na sua frente, ávidos por um minuto de sua atenção, não deve ser fácil. Imagina sair cansado de um mega show, onde você se doou de corpo e alma e ainda ter que ficar esbanjando sorrisos quando sua única vontade é ir dormir. “Há de se diferenciar arrogância de verdade da natureza tipicamente reservada de algumas pessoas. Não é do temperamento de todo músico – e nem precisa ser – ficar distribuindo sorrisos e papo furado a todos os fãs que lhe abordam. Imagina que saco deve ser!?”.

Se o cara sobe em um palco, detona clássicos e mais clássicos e sai sem interagir com o público após o show, os fãs não tem do que reclamar. O trabalho dele é cantar pra você, não ser seu amigo. Ter admiração é uma coisa, idolatria é outra. Idolatrar qualquer ser humano é uma idiotice sem tamanho e quando eu vejo gente chorando por um artista, quero cortar meus pulsos. No caso da música, compreendo que no momento em que você ouve uma determinada canção que te marcou, a emoção bate e não dá para segurar, mas passado isso, acabou. Não tem que sair correndo atrás, puxar, arranhar, gritar, se humilhar pela atenção de uma pessoa que nem te conhece e se caso te notar, nem se lembrará da sua existência posteriormente.

Na relação músicos/mídia também rola umas estremecidas. Tem muita gente que não gosta de conceder entrevistas e ponto. São enfáticos quanto a isso e tem seus motivos. Não é difícil notar que muitos deles pararam de dar atenção aos jornalistas depois de anos sendo entrevistados por pessoas inconvenientes, que não se preocupam sequer em checar fatos antes de fazer qualquer pergunta, ou fazem perguntas óbvias. Um exemplo disso é a clássica sobre a música Anna Júlia aos caras do Los Hermanos. Tem coisa mais chata do que ter que responder a mesma pergunta por anos a fio?

Só para finalizar, quero dizer que sou muito fã do Chico Buarque. Admiro suas composições e seu jeito de traduzi-las através da entonação da voz. Nunca o encontrei pessoalmente, mas, se um dia o encontrar e ele não me der atenção, não vou deixar de apreciar sua música. Porque, afinal de contas, não quero saber do Chico homem, do Chico político, do Chico amante... Se ele é arrogante ou não, se ele é bonzinho ou malvado, isso é problema dele. Eu quero apenas o Chico cantor. Isso, pra mim, é ser fã. Simples assim.

É isso, galera! O que acharam do texto, do tema, dessa discussão? A propósito, essa temática foi sugerida por meu colega Luisão. Se algum de vocês quiser sugerir algo, tô aberta a sugestões. ;)

Obrigada a todos os comments do texto da semana passada. Teve uma galera nova comentando e eu achei muito bacana. Fiquem à vontade para divulgar o blog por aí, viu. Agradecimentos a minha amiga Sara que autorizou que eu a citasse como exemplo e aos meninos que colaboraram com opiniões e informações para o texto.


Um beijo e até semana que vem.

Colaboração - Luisão, Rodrigo Furquim, Thiago "Tatu" Andrade e Rafael Marcondes.
Revisão - Felipe Rui.

20.10.10

Construção

Antigamente, eu costumava reclamar da dificuldade de engatar uma relação com alguém. Não falo sobre a máxima dita hoje em dia “está difícil namorar”. Estou entrando em um campo muito mais amplo da questão, que é, após encontrar essa pessoa, construir com ela a tal relação.

Esses dias, conversando com uma amiga no MSN, discutíamos exatamente sobre isso. Ela contava que estava junto com uma pessoa há algum tempo, mas que os dois ainda não haviam definido se eram namorados ou não. Para ela, havia sentimento, mas faltava o apego.

Acredito que o apego ao qual ela se referia está muito ligado a confiança. Não exatamente aquela confiança que te faz crer que o outro não vá te trair, mas o sentimento de que tudo está em seu devido lugar dentro de nós mesmos, para se ter certeza de que namoro é o caminho que a relação deve percorrer.

Tem muita gente que carrega consigo, como uma bagagem, traumas de relações passadas. Consequentemente essas emoções mal resolvidas tendem a afetar qualquer nova relação que se inicia. Acho que o caso dela era esse. Aí, é uma questão de ser paciente e fazer alguns questionamentos pessoais.

O quanto você gosta da pessoa em questão? Qual o grau de afinidade de vocês? Há quanto tempo estão juntos? Existe o senso comum de que é cedo para namorar ou um dos dois quer mais isso que o outro? Enfim, é tudo uma questão de sentar e fazer a velha DR. Tem gente que odeia esse termo, os homens principalmente, mas creio que, quase sempre, é conversando que se entende.

Construir uma vida a dois é difícil e, paradoxalmente, também é muito fácil. Conhecer a pessoa que está ao seu lado é uma árdua tarefa que a meu ver tem toda uma doçura embutida. Compreendo que, às vezes, abrir mão de suas velhas convicções para dar espaço a um novo ser que entra em sua vida e joga por terra tudo que você considerava como lei, é assustador. Mas, tem coisa mais deliciosa do que se livrar de velhos paradigmas, abrir mão do egoísmo e se jogar na aventura de um novo amor?

Claro, tem que haver respeito pela individualidade, porque em uma vida a dois, sua personalidade não deve ser subtraída pela do outro. A paixão também é fundamental e mesmo que já exista amor, ela não deve morrer. O sexo é completamente ligado ao nível de paixão existente na relação. O desejo do corpo também deve continuar existindo, senão bye, bye.

A vida é feita de experiências e experimentar tudo que te apetece ao lado de alguém bacana, independente de qual nome foi estabelecido para a relação, é algo valoroso demais para ser perdido por conta de medo, insegurança e traumas passados.

Para quem está com esse mesmo questionamento da minha amiga, só tenho um conselho: não perca seu tempo tentando nomear sentimentos e relações. Apenas sinta e viva tudo que for possível e que te faça bem, ao lado de quem você gosta. Com o tempo, as dúvidas se dissipam e o apego pega vocês. (risos) 

Um beijo e até o próximo post. (semana que vem, hein!)

Colaboração Ana Kopp.
Revisão Felipe Rui.

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Obrigada pelos comentários que recebi nos textos da semana passada. São um grande incentivo pra mim. Um beijo para Lílian Graciolli, Sidney Hamano, Jaci Viana, Ana Kopp, Lana Abreu, Osmar "Rei" e Rodrigo Furquim que não comentaram aqui, mas me deixaram recados muito legais. Sempre fico muito feliz por esse feedback!

14.10.10

A era das falsas gostosas.

Costumo dizer que namorado meu tem muita sorte no quesito ciúme. Esse mal me acomete muito raramente e enquanto a maioria das mulheres se rói por dentro quando o boy vai dar uma olhada em uma revista com ensaios sensuais, eu vejo com ele e ainda comento sobre.

Estou falando disso porque fiquei sabendo que a Mirian Bottan, tuiteira que sigo, fez um ensaio para a TRIP e fui conferir. Assim como fiz com a Playboy da Tessália e da Cléo Pires e com as fotos da minha amiga Lílian Graciolli na VIP ou das meninas do Lingerie Day que apareceram na Sexy. Eu adoro fotografia e, não raramente vejo ensaios de revistas, do Paparazzo e etc. É bacana, porque dá para ter ideias para fazer suas próprias fotos. rs

Tá, falando sério, eu vi o ensaio dela, pra variar fui espiar os comments  e fiquei chocada com as críticas. Não vou citá-las aqui, porque acho desagradável, mas me custa entender o que é ser exatamente gostosa hoje em dia. A menina é perfeita, o ensaio dela foi lindo e vem gente dizer que imaginava algo melhor ou que pensava que ela era mais isso ou mais aquilo. O pior de tudo nem foi ver os comentários masculinos. Os femininos é que me assombraram. Ô classezinha desunida, viu. (risos).

Então, fiquei pensando: o que afinal é ser GOSTOSA? É ter um peito entupido de silicone, uma bunda a lá Mulher Melancia e coxas como da Viviane Araújo? Por favor, né? Entendo que cada um tenha suas preferências, mas aí é demais. Lembro que quando a Tessália posou nua, choveram comentários dizendo que os peitos dela eram murchos e outras coisas absurdas só porque eram naturais. E na época eu também fiquei passada porque, para mim, aquilo era bonito, assim como acho a Mirian bonita e a Cléo e todas as moças fora do padrão atual. Que, aliás, nem sei exatamente qual é.

Antigamente, mulheres com curvas naturais eram consideradas gostosas. Vide Marilyn Monroe e Rita Hayworth que não era nenhum exemplo de falsa gostosura. Porque com silicone, lipo e Photoshop todo mundo fica uma maravilha.

Ainda estou acompanhando os comentários lá e não canso de me surpreender. Uma moça inclusive questionou o fato de um cara tê-la chamado de invejosa porque ela fez uma crítica. Disse que só porque não gostou, não quer dizer que seja inveja. Concordo com ela, porque no final das contas, cada um tem seu direito de gostar ou não do que vê. Mas, eu a perguntei, o que ela considera ser “gostosa”. E também te pergunto: o que é ser gostosa (o) pra você?

Espero que vocês comentem, pois estou super curiosa para saber o que as pessoas andam pensando a esse respeito.

Beijos! 

Revisão Felipe Rui.