28.12.09

Contos pra te contar. [4]


A menina que perdeu o Natal.

Aquele foi o primeiro ano que eu o esperei. Lembro que ficava deitada na cama, imaginando se ia demorar muito para chegar. Mamãe achava aquilo tudo muito engraçado e diante da minha insistência, ela sempre me dizia para ter paciência. Só que isso era algo que eu tinha pouco, afinal, o que ela podia esperar de uma garota de seis anos?
Quando eu estava sozinha, pensava nisso o tempo inteiro. Forçava minha memória para tentar encontrar lembranças anteriores sobre esse dia, mas dentro da minha cabeça tudo não passava de borrões. Percebi afinal, que eu não tinha lembranças. Precisava construí-las.

Por isso, às vezes, eu pedia para mamãe me contar histórias. E ela falava sobre a beleza das luzes que piscam ou contava sobre o velhinho barbudo e seu veículo voador, entre muitas outras fábulas que me encantavam. E eu ficava sonhando com aquilo por dias seguidos.

Imaginava em minha cabeça como seria quando ele enfim chegasse. Imaginava tanto, que um dia, eu planejei tudo. E acabei criando minhas primeiras lembranças do Natal. Lembranças trazidas diretamente do futuro.

“Eu acordaria e saberia que ele havia chegado. Feliz e sorridente eu abraçaria minha mãe e correria para a sala. Então, eu veria aquela árvore linda e brilhante. E ficaria na ponta dos pés para conseguir colocar a estrela no topo. Mamãe riria baixinho de mim e ajudaria a me equilibrar. Depois eu sentaria embaixo da árvore com minha mãe e eu entregaria o cartão que fiz especialmente para dar a ela no Natal”.

Então, um dia, ele enfim chegou. Mas, eu não corri para abraçar minha mãe. Não vi a árvore linda e brilhante na sala. Não pude colocar aquela estrela no topo. Nem entregar o cartão que eu fiz. Eu sequer acordei para recepcioná-lo. Eu perdi o Natal. E só soube disso, porque de onde eu estava pude ver minha mãe chorar a minha ausência naquela data tão esperada por mim.


P.S. Um conto de Natal, porque eu adoro o Natal, oras! Brincadeiras a parte, espero que gostem. E não deixem de me contar, como foi o Natal de vocês, tá?


Beijos! =*

21.12.09

Então, é Natal?



O que é o Natal, afinal de contas? De acordo com a crença cristão, 25 de dezembro é o dia em que comemoramos o nascimento de Jesus e por isso o Natal. Para outras religiões, o Natal é comemorado e datado em outros períodos. "Os chineses comemoram em outra data. Os japoneses, também. E os muçulmanos, o fazem a partir de Maomé. Os romanos comemoravam em outra data." E para o comércio, nada mais é que a época em que as lojas mais faturam.  Afinal, o que é um Natal sem presentes, certo? Errado! 

O espírito natalino passa muito longe da imagem que as campanhas publicitárias tentam todos os anos nos fazer acreditar que tem. Porque aquele Papai Noel com barba branca e roupa vermelha, que anda em um trenó voador abarrotado de presentes, com o qual estamos acostumados a conviver por anos a fio, representa nada além do espírito consumidor que temos.

Apesar de ter tido a minha imagem do que é Natal distorcida por anos e anos de campanhas publicitárias, esse é particularmente um dos meus períodos favoritos do ano todo. E não é porque eu ganho presentes das pessoas ou porque resolvemos cozinhar comidas excepcionalmente deliciosas e diferentes do cardápio diário. É porque, durante o período que antecede o Natal e no dia em si, eu olho em volta e consigo enxergar o quanto as pessoas se tornam mais amorosas, solidárias e capazes de compartilhar o pouco ou o muito que possuem  com outras que, muitas vezes, nem conhecem.

Eu tenho a leve impressão, de que todas aquelas luzinhas brilhantes que piscam nas ruas ou nas árvores de natal espalhadas pelas casas é que têm o incrível poder de fazer reacender alguma chama, que por algum motivo obscuro, ficam apagadas durante o resto do ano.

Então, ao enxergar um daqueles pontinhos de luz, os corações amolecem e os sorrisos se tornam mais afetuosos, as mãos permancem estendidas por mais tempo e os abraços conseguem ser ainda mais calorosos do que naturalmente já são.

E sabe qual é a parte mais engraçada disso tudo? É que por mais que a gente veja todos os dias durante o mês de dezembro,  belíssimos comerciais de Natal falando sobre solidariedade, compaixão e generosidade, a gente sabe que nenhum daqueles presentes pode tornar alguém mais feliz do que o amor dado gratuitamente.

Por isso, meus caros leitores, para esse Natal, esqueçam daquelas lindas propagandas que dizem qual perfume, roupa, brinquedo ou qualquer outro presente que você deve comprar para alguém. Esqueça  toda essa bobagem . Lembre-se apenas de presentear as pessoas que você gosta, com algo que não vai te custar nenhum um centavo. Presentei-os com seu amor.

E isso, é tudo que eu quero ganhar nesse Natal.

Feliz Natal!

Um grande abraço a todos e obrigada por todas as vezes que passaram aqui para deixar seu carinho e palavras de incentivo.

Até o post de Ano Novo.


P.S. Deve ter gente pensando: "publicitária mais fake, hein" rs. Pois é... Em casa de ferreiro, o espeto é de pau! =)