23.6.11

E se Deus fosse um de nós?

Quando estou sozinha, perdida em minhas aflições, com uma interminável lista de perguntas sobre aquilo que não consigo compreender. Eu penso em Deus. Quando meu coração está partido pelas mazelas do mundo e não há nada que esteja ao meu alcance para resolver isso de imediato. Eu penso em Deus. Quando eu não aceito o que acontece de errado em minha vida e eu não tenho ninguém a quem culpar. Eu penso em Deus. Quando eu compartilho meus melhores momentos com aqueles que amo e não sei a quem agradecer por tantas dádivas recebidas. Eu penso em Deus.

Pensar ou crer em Deus, não está ligado a nenhum tipo de religião ou crenças impostas por dogmas e leis humanas. Nem te obriga a seguir nenhum mandamento bíblico. Muito menos a ter que ir a cultos e missas aos domingos. Pensar ou crer  em Deus está ligado a fé. Ao invisível. A algo que nunca poderemos ver e tocar.  Apenas sentir.

A ciência está cheia de provas da inexistência de Deus. A Bíblia é um livro que foi escrito e reescrito pelas mãos humanas, está repleto de falhas incontestáveis. As igrejas estão cheias de pessoas que mentem e manipulam em seu benefício próprio. Mas ainda assim, é preciso ter fé em alguma coisa.
Se Deus fosse um de nós, será que Ele conseguiria entender a fundo a dor sentida por um gay excluído por ser apontado como um ser diferente dos demais? Se Deus fosse um de nós, Ele entenderia que transar com camisinha é totalmente compreensível em um mundo repleto de doenças sexualmente transmissíveis? Se Deus fosse um de nós, será que ele levaria para casa todos que estão nas ruas passando fome e frio, sem julgá-los pela sua incapacidade de prosperar na vida como todo o resto?  Se Deus fosse um de nós, será que ele abriria mão de seus próprios interesses em prol de uma Política limpa que beneficiasse os países? Se Deus fosse um de nós, será que Ele perdoaria aqueles que não acreditam em sua existência, sem condená-los ao eterno fogo do inferno? Nunca vamos saber. 
 
Deus é visto de acordo com a ideia que cada um tem dele. De sua existência ou inexistência. Não importa se você é católico, evangélico, budista ou ateu. Você sempre verá Deus à sua maneira. E essa é a forma correta, porque Deus não é um ser que está sentado sob um trono, apontando sua lupa sob o sol para nos queimar aqui na Terra. Deus é quem você quiser que Ele seja.

Acreditar ou não em Deus não faz nenhuma diferença. Porque o que conta de verdade é que você tenha a que se apegar. O mundo e a nossa vida estão cheios de fardos pesados demais para carregarmos sozinhos. Em diversos momentos não suportamos levar sob nossos ombros o peso da dor, da desilusão, da solidão e da falta de ter em que acreditar. É preciso se apegar a algo. É necessário criar vínculos com aquilo que consideramos sagrado. Senão, seremos apenas parte de um nada que compõem um todo vazio.

Eu acredito em Deus. E isso me faz feliz. Busque acreditar no que te faz bem e, certamente, você será feliz também.

Revisão: Felipe Rui 

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É isso, galera! Faz tempo que não posto nada e na verdade não ando muito inspirada. E esse parece um texto feito por alguém muito ruim em redação, mas é o que sinto.  De qualquer maneira, espero que isso faça sentido para mais alguém além de mim.


6.6.11

Um culto ao silêncio.

 
“Só entende o valor do silêncio, quem tem necessidade de calar para não ferir alguém.” 


Existe um ditado que diz “A palavra é prata, mas o silêncio é ouro”. E não há maior verdade do que essa. Se pararmos para observar, os problemas de relacionamento são causados muito mais por palavras mal ditas do que por silêncios indecifráveis. Tem gente que se incomoda com o silêncio e a necessidade de falar é tão grande que as pessoas estão o tempo inteiro  carentes de companhia.

Quando não se ouve uma resposta para um insulto, um elogio, uma pergunta, enfim, para qualquer som emitido que exija um retorno, parece que abre-se um vazio que não é possível ser preenchido até que se ouça algo. A sensação de impotência e descontentamento é muito maior diante do que não se pode ouvir do que por palavras proferidas, mesmo que estas machuquem ainda mais.

Não é muito difícil encontrar pessoas silenciosas sendo taxadas de antissociais, sonsas, chatas, entre outras qualidades nada apreciadas. Pessoas que, na maioria das vezes, apenas querem se abster de dar uma opinião errada ou que só estão afim de pensar melhor sobre tudo que está acontecendo ao seu redor.

Conseguir manter-se em silêncio parece um grande desafio para quem fica o dia inteiro em um blá blá blá incessante. A falta de som não é prejudicial, nunca foi e nem nunca será. Ter o autocontrole de se calar quando necessário e até mesmo não ter necessidade nenhuma de falar é algo que deveria ser praticado todos os dias, e por todas as pessoas. Devemos aprender a silenciar nossas bocas para ouvir o que diz nosso coração. Pode até parecer um clichê barato, mas não é. Fazer companhia a si  mesmo, sem emitir uma palavra sequer, faz com que sua mente expanda para horizontes mais distantes do que sua voz é capaz de alcançar.

No Budismo é pregado que para alcançar o Nirvana é importante abstrair-se de todos os sons a sua volta e ficar envolto em um completo silêncio, através da meditação. O que é muito mais do que fazer com que sua boca pare de falar, pois sua mente também precisa se calar. Momentos solitários trazem benefícios ao espírito e ajudam a trazer de dentro de si o que não se encontra do lado de fora.

Cultuar o silêncio se tornou algo raro e talvez menos palavras precisem ser ditas para que possamos, enfim, nos encontrarmos com nós mesmos. Porque aí será possível descobrir as respostas para problemas que tanto nos afligem. As mesmas respostas que insistimos em buscar na palavra alheia. Quando o que encontramos nesse emaranhado de opiniões diferentes e contraditórias é apenas mais confusão. No final das contas, acho que a paz, que muitos de nós procuramos, está exatamente no silêncio que não somos capazes de fazer.

E como disse Fernando Pessoa:

“Enquanto não atravessarmos a dor da nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.”

Revisão: Felipe Rui

P.S. O Blogspot não me deixou colocar imagens, mas assim que voltar a funcionar, posto uma foto que achei muito fofa. ;)

Petit Gabi