30.10.09

Contos pra te contar. [2]

Mais um da série Contos pra te contar.Gente, essa, é só mais uma tentativa de escrever ficção. Não esperem muito, por favor. Tenho outros contos, mas, são mais longos e fica complicado postar aqui. Quem sabe um dia crio coragem, dou a cara a tapa e publico.

Esse aqui conta três momentos na vida de Luísa. Quem é Luísa? É uma personagem fictícia baseada em algumas situações, digamos, reais. Gosto disso. Basear as histórias em algo que aconteceu a mim ou as pessoas que me rodeiam. Sei que isso demonstra o quanto ainda sou amadora, porque afinal, o bom escritor simplesmente cria, sem precisar de situações base. Mas, é isso aí. Tento, tento, tento e um dia chego lá.
Espero que gostem!

Grande abraço!

Três vezes Luísa


Pedaços

Foi em um jorro de palavras. Tudo que havia dentro, ela colocou para fora. Sem medidas. Sem espaços. Sem respiração. Falou até não se lembrar de mais nada para justificar o que estava fazendo.

Seu peito estava esmagado.Sentindo cada pedaço da dor que o outro sentia. Abriu os olhos e tudo que conseguiu enxergar foi um manto turvo. Tentou piscar para assimilar o que via. Eram suas lágrimas que teimavam em continuar lavando seu rosto. Lágrimas de dor, sofrimento e frustração. Ela só queria sentar, abraçar os joelhos e ficar ali por tempo indeterminado.

Ficou parada, olhando as luzes distantes de onde ela estava. Ele continuou parado. Ela esperou que ele fosse embora, que a deixasse lá com suas lágrimas. Mas, ele permaneceu ao seu lado. Puxou-a para um abraço. O abraço que ela tanto gostava. Ela recomeçou a chorar. O abraço se desfez. Era a certeza do fim.

Luísa andou sem olhar para trás. O coração sofrendo a dor de alguém. Pensou que o melhor a fazer era fechar-se dentro de si. Ficar longe. Ou melhor, poderia desaparecer. E aí, seria como se nunca tivesse existido.


xxx

Reconstrução

Caminhando pela praia, Luísa deu seus últimos passos naquela que tinha sido sua vida. Olhou o sol que já teimava em esconder-se no horizonte e buscou enxergar o sentido de tudo aquilo. Não conseguiu. Não havia sentido para ser visto. E esse era o maior problema para ela, buscar sentido em tudo.

Sentou-se na areia quente e ficou observando o vai e vem incessante das fracas ondas do mar. Olhou o horizonte. Parecia mesmo infinito. Suspirou e relaxou os ombros. Sentia como se toda a tensão do mundo estivesse alojada sob suas costas. Respirou. Suspirou. Repetiu o processo diversas vezes. Por fim, conseguiu relaxar. E talvez até demais, porque sentiu vontade de dormir.

Ali, deitada sob a areia quente e molhada ela adormeceu. Sonhou sonhos possíveis. Acordou com a água morna molhando suas costas. Levantou sorridente e caminhou com a roupa pingando. Sentiu vontade de rodopiar. Quem estava a sua volta nada entendeu. Ela não parecia fazer sentido. Ela já não queria mais fazer sentido.

Foi aí, que decidiu recolher os pedaços. Aqueles que ela havia deixado de lado. Aqueles que doíam só de olhar. Aqueles que ela havia inutilmente tentado ignorar por um tempo. Mas, que agora, era necessário juntar.

Nem sabia por onde começar, mas, foi seguindo seus instintos. Catou cada pequeno pedaço escondido. E em alguns momentos conseguiu surpreender a si mesma. Como era possível que ela tivesse permitido se despedaçar daquela maneira? Insensata. Havia coisas que nunca mudariam e ela enfim se dava conta disso.

No final de sua busca, já exausta, decidiu deitar. Mas, não conseguiu dormir como naquela tarde. Levantou a cabeça do travesseiro e olhou a pilha no chão. Era chegada a hora de reconstruir o caminho, pensou. Era chegada a hora de reconstruir ela mesma.

Levantou da cama e sentou ao lado dos pequenos pedaços que ela reconhecia tão bem agora. Começou a montar o quebra-cabeça de si. E a cada peça que conseguia juntar, sorria satisfeita.

Era sua própria existência que estava em reconstrução.



xxx

Recomeço

Aquelas ruas pareciam mais familiares do que nunca. Cada passo era dado com uma indescritível sensação de leveza. Olhava atentamente cada detalhe, como que para ter certeza de tudo. Fotografava com o olhar, rostos, prédios, folhas caídas no chão. Todos os mínimos e pequenos movimentos.

Decidiu parar. Sentou em um banco e deixou que a brisa leve e refrescante batesse em seu rosto. Olhou o céu azul. E ele tinha um azul tão claro, que mais parecia branco. Reparou nas gordas nuvens que passeavam tranquilas e ficou pensativa.

Às vezes, ainda não acreditava na rapidez com que tudo aquilo havia acontecido. Parecia surreal, mas era real. Ela tinha sua vida de volta. Alguém a havia presenteado com a chance de um recomeço.

Fez uma viagem mental e vasculhou o passado recente para ter algumas certezas. Não havia deixado nada para trás. Ou pelo menos, nada que estivesse mal resolvido. Pela primeira vez havia conseguido fazer as coisas acontecerem dentro de um sincronizado começo, meio e fim.

Sentiu uma pontada de satisfação. A mesma que sentimos quando conseguimos concluir uma tarefa que nos é dada.

Luísa sabia que ainda havia muito para ser feito, mas, já não tinha pressa. Era como se tivesse todo o tempo do mundo nas mãos. Não queria correr, nem apressar nada. Desejava sentir tudo, cada gosto, cada cheiro, cada sensação, todos os sentimentos. Tudo muito lentamente. Para que pudesse enfim, aproveitar o que a vida vinha constantemente oferecendo a ela.


Outros Contos pra te contar:

19.10.09

Amor, filmes e algumas considerações.


Amor. Cada um vê de um jeito, sente de outro, recebe de maneira diferente. E por conta disso, se a gente quiser, dá para classificar o amor em gêneros. Que nem de filme, sabe? Daí, se a gente analisar o sentimento por esse ângulo. Bom, acho que a vida amorosa fica meio parecida com uma Blockbuster


Ok. Se isso soou muito estranho para você, eu explico. Veja se você entende qual é a dessa teoria que suponho não ser inédita. Mas, que ainda não foi discutida por aqui.

Quando a gente entra na locadora, geralmente é guiado por plaquinhas nas prateleiras, certo? E vai se esgueirando pelos corredores cheios de títulos até encontrar o gênero desejado. Comédia, romance, aventura, terror, enfim, é filme para todos os gostos e desejos. A não ser que a locadora que você costuma ir seja uma daquelas bem “meia-boca”. Assim, como os lugares que você frequenta no intuito de encontrar um amor. Aí a variação é bem menor. E a chance de escolher algo bom também.


Supondo que sua locadora amorosa tenha uma variedade grande. Qual dos gêneros abaixo você costuma escolher mais?

Aventura
Quem escolhe esse gênero, de certo quer sentir alguma emoção mais eletrizante. Esse vem recheado de escapadas rápidas no horário de almoço. Encontros furtivos no meio da madrugada. Lugares exóticos ou pouco frequentados. É aquele tipo de “romancezinho” ou paixão súbita que enlouquece sua cabeça. Tira você da zona de conforto e bagunça sua vida. E geralmente vem com o extra ‘perigo’. Muito apreciado por amantes e pessoas que por algum motivo precisam manter  a relação em segredo. Ou até mesmo por quem não está muito afim de compromisso. De qualquer maneira, uma boa aventura é sempre saudável. Mas, no final das contas essa falta de rotina que o gênero proporciona, acaba por cansar. Principalmente, porque uma das partes sempre começa a desejar certa estabilidade emocional.

Suspense
Tem gente que gosta de viver sempre na expectativa de ser surpreendido, não é? E aqueles que estão sempre prontos para levar um susto. Ou mesmo, para ser pego em uma rua escura por um assassino de corações indefesos. É o tipo de pessoa que se torna amante desse gênero. Batimentos cardíacos acelerados, suor frio, medo e arrepios fazem parte desse enredo. Aqueles que não gostam de jogo gato-rato geralmente ficam longe desse tipo de relação.

Terror
Aqui, uma extensão do suspense, mas muito mais apavorante. São histórias de amor que geralmente começam bonitas.  Mas que com o tempo, vão exigindo muita coragem para serem levadas em frente. São aquelas relações abusivas, em que a falta de amor-próprio predomina. Alguém sempre sai muito machucado. E o culpado nem sempre é “punido”. Além disso, ele (o culpado pelo coração partido) quase sempre sai por aí aterrorizando mais pessoas. Tipo Serial Killer mesmo, sabe. Os corações sensíveis são os que mais sofrem com esse gênero. Esse machuca até quem assiste.

Cult
Conversas infindáveis sobre os conceitos abordados em filmes e músicas. Programas alternativos. Intelectualidade à flor da pele. Esse é um dos gêneros menos apreciados pela maioria. Afinal, requer muito mais conteúdo do que o contato físico em si. E, geralmente as pessoas estão mais interessadas em pegar umas as outras do que propriamente passar a noite em um bate papo cabeça. Os geeks e nerds podem se identificar. Eu, particularmente acho esse gênero interessante, mas, desde que devidamente balanceado entre o “conversa-pega”.

Drama
Ah, o bom e velho drama. Tá aí um dos mais assistidos (vividos, no caso). Tem gente especializada nesse tipo de história. Lágrimas excessivas, arroubos sentimentais, trilha depressiva e corações magoados. Esse é o recheio perfeito para o relacionamento de quem não consegue passar muito tempo longe do sofrimento. Um gênero assim, nem sempre tem um final feliz. Na verdade, quanto mais triste o final, mais a história é vista como bela. Desse, eu passo muito bem sem.

Comédia
Muito diferente do drama, esse é só alegria. Até demais. Levar tudo muito na brincadeira pode ser extremamente desagradável. Principalmente quando alguém quer discutir a relação. Problemas constantemente tratados de forma displicente, tendência a disfarçar a tristeza com uma falsa alegria e uma luta constante para manter uma conversa séria, são as características mais chatas desse tipo de relação. Pode até ser divertido no começo, mas, se não tem uma boa direção, pode acabar com a indicação para  um Framboesa de Ouro. Ou seja, um pé na bunda.

Romance
Água com açúcar, contos de fadas e “felizes para sempre” são traços marcantes aqui. E esse talvez seja o gênero mais requisitado pelas mulheres. A gente olha aquele resumo bonito, gosta da foto na capa e pronto, escreve logo uma história linda e longa de amor na cabeça. Esse é perigoso. Cria ilusões e tende a afastar as pessoas da realidade. Mas, em contrapartida faz bem para o coração. E de vez em quando, por que não? Só não vale ficar frustrado quando descobre que o romance real está bem distante daquele dos sonhos.

Comédia romântica
 Meu gênero favorito. Uma história de amor, com pitadas de humor e um toque de sensualidade. Perfeito. Diferente do romance água com açúcar, esse aqui tem mais foco na vida real. E por isso mesmo é o mais saudável. Viver um romance é o que quase todo mundo deseja e se ele vem acompanhado do bom senso, melhor ainda, certo? Recomendo.

Bom, é isso aí gente. Foi viagem demais? Espero ter retorno de vocês a respeito. Ah, e por falar em retorno, tem muita gente bacana mandando cumprimentos pelo Orkut, Twitter e e-mail. Acho isso muito legal. Qualquer retorno para mim é válido, viu. Desde já, agradeço todos aqueles que têm a paciência para preencher o dados para comentar.  E também a todos que de uma maneira geral, dão um jeitinho de me dizer o que acharam.



15.10.09

Não se fazem mais alunos como antigamente.

Professor. A pessoa mais importante na sua vida depois de seus pais. Para alguns, até mais que isso. A verdade é que essa figura clássica tem ou teve um papel essencial na estrutura educacional e familiar de muita gente.

Mas, em tempos que o aluno se transformou no foco das atenções para a Educação, o professor tem perdido sua aura de mestre. Aquela magia que existia quando estávamos aprendendo se extinguiu. E o conceito de ensinar muito além de meras disciplinas tem sido podado.

O que conseguimos ver atualmente, no geral, são professores cansados, desestimulados e frustrados. Porque, afinal de contas, o próprio Sistema Educacional contribui para que isso aconteça. Paga mal e oferece pouco ou nenhum suporte para esses profissionais. E vale lembrar que as escolas particulares também não estão muito longe dessa realidade.

Bom, mas pensar em professor, também nos faz pensar em alunos. Alunos que fomos. Alunos que somos. Os alunos de ontem e hoje. E consequentemente, os alunos de amanhã.

Nos meus tempos de escola, especialmente da antiga alfa até a quarta série, os alunos tratavam os professores de outra maneira. Era quase uma adoração por aquela pessoa que estava ali na frente ensinando não apenas a ler e escrever, mas a viver. Óbvio, que quando criança essa noção de “ensino para a vida” não é clara. Mas, me lembro bem da reverência e respeito que existia, inclusive fora das estruturas escolares.

Por favor. Obrigada. Com licença. Posso ir ao banheiro? Posso tomar água? Sim, senhor (a). Eram algumas das palavras que dirigíamos solenemente àqueles que até costumávamos chamar “tio” / “tia”. E até no Ensino Médio, onde os adolescentes dominavam, esse respeito era mais evidente. Lógico que tinham aqueles alunos mais rebeldes que davam uma ou outra resposta malcriada. Mas, no geral, todos eram mais respeitosos.

E o que vemos hoje? Caramba. Sinto que faltam palavras para descrever o descaso de muitos alunos com os professores. Eles estão cada dia mais especializados em humilhar, denegrir e infernizar e até agredir a vida de quem, com toda boa vontade, se dedica a ensinar o que sabe.

É inacreditável a capacidade que alguns têm para fazer de uma aula uma tortura física e mental. As conversinhas paralelas que sempre foram comuns, agora se tornaram intermináveis bate-papos. A nota final é o foco (e com essa média ínfima que algumas escolas determinam estudar pra que, não é?), o que os faz prestar menos atenção na aula. Cadernos e livros nem são mais acessórios tão usados. O negócio é levar o celular para ver vídeos ou ipod’s para ouvir música. E a voz de autoridade do professor? Bom, isso aí virou motivo de chacota. É isso mesmo. Chacota. Imaginem só uma sala com 40 alunos que não param de falar e ainda tem a coragem de dizer “Ué professor, o senhor não põe moral, por quê?”. Dá para acreditar?

Enfim, a verdade meus caros, é que não se fazem mais alunos como antigamente. De qualquer maneira, acho que os professores também não. Mas, mesmo assim, eles merecem não apenas homenagens padronizadas. Lembrancinhas com frases feitas que estão longe de caracterizar o real valor que têm. Professores merecem acima de tudo respeito, consideração e carinho. Afinal, são eles que nos dão grande parte do preparo que precisamos para sermos os profissionais que somos. Quiça, as pessoas que nos tornamos.

Deixo aqui os meus singelos agradecimentos a todos que foram meus professores. Todos eles. Desde a tia Bárbara que me ensinou a escrever minhas primeiras palavras. Até os caras, com todo respeito, fodas, que já na faculdade me iniciaram no mundo publicitário. E, claro, não posso deixar de agradecer aquela que, além de mãe, um dia já foi de fato minha professora. Obrigada. E que o respeito volte a fazer parte da grade curricular.

Filminhos básicos para assistir no Teacher’s Day: