23.2.11

A ausência da presença.

Renato Russo tem uma música chamada "Esperando por mim", com uma frase que diz: “O mal do século é a solidão, cada um de nós imerso em sua própria arrogância esperando por um pouco de afeição”. E é mesmo! Cada dia que passa, estamos eliminando as relações pessoais e substituindo-as pela companhia da TV e da Internet. O que de certa forma tem “funcionado”, já que não é nada difícil vermos por aí pessoas com um milhão de amigos nas redes sociais. Porém, sem nenhum na vida real. O homem não é uma ilha, mas também, não é um albergue. Por isso, é preciso discernir o que é realmente importante. O que só é possível quando conhecemos bem a nós mesmos. Para isso, ninguém precisa realmente da opinião de terceiros. 

Quando um turbilhão de coisas acontecem e os sentimentos se misturam dentro do coração, como se estivessem sendo batidos em um liquidificador. Ou quando os sons à sua volta se tornam zumbidos indecifráveis e você não consegue mais ouvir nem a voz da própria consciência. Saiba que esse é um bom momento para ficar sozinho.

Em contrapartida, a pior parte da solidão, é quando você não precisa dela. São aqueles momentos em que seria bom ter um ombro para chorar as pitangas e lamentar os maus-tratos da vida. Ou mesmo, para compartilhar as alegrias, as conquistas e o sucesso.

Dentro desse universo de solitários X pessoas sociais, existe também a categoria dos sozinhos acompanhados. Aqueles que estão sempre rodeadas por muita gente, mas no fundo, no fundo, sentem-se as pessoas mais solitárias do mundo. Não estou falando de quem sofre de depressão. Me refiro às pessoas normais, que por uma questão de afinidades, não conseguem se adequar ao meio em que vivem. Muitas vezes os gostos não batem, as opiniões divergem e a sensação de estar só em meio a uma multidão é muito maior do que estar trancado dentro do próprio quarto na companhia de si mesmo. Como nessa frase que eu gosto muito:

“Olho para trás: há multidão sobre as calçadas. Olho para mim: há solidão sobre os meus pés...”  (Ismael Canepelle).

A verdade é que a maioria das pessoas não convive bem com esse sentimento. Já a minha visão acerca da solidão bate perfeitamente com outra canção do Renato, que diz "... a solidão até que me cai bem”. Porque, diferente de muita gente que precisa de companhia em seus momentos mais amargos, eu prefiro a calmaria que só a solidão é capaz de proporcionar. Realmente, gosto de lutar contra a tristeza em meio ao silêncio. Em momentos felizes também me sinto da mesma forma. Nunca precisei estar rodeada por vozes, barulho e corpos físicos para me sentir completa. Mas nem sempre foi assim. Demorei muitos anos para me dar conta de que eu era a melhor compahia para mim mesma e hoje eu fico muito bem só.

Não é preciso o milhão de amigos tão desejado. Não é necessário estar rodeado por pessoas que, muitas vezes, nada tem a acrescentar. Obviamente que o ser humano não foi feito para viver só. É importante ter bons amigos e a família por perto, mas acredito que somos capazes de suprir nossas próprias necessidades quando conseguimos ouvir o que nosso coração diz. Pois, somente nós mesmos somos habilitados a descobrir o quê,  de fato, pode nos fazer felizes.

Revisão: Felipe Rui.

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Depois de um longo recesso, a boa filha a casa torna. Sinto muito pela ausência forçada, não foi por querer que fiquei tanto tempo longe desse espaço que tanto aprecio. E sei que parece clichê dizer isso, mas a verdade é a seguinte: foram os problemas técnicos. rs Sério, fiquei sem meu notebook por um longo e penoso mês. Mas agora cá estou eu novamente, para encher vocês com todas as palvras que não consigo guardar dentro de mim.
O texto dessa semana foi esolhido por amigos no Facebook. O da semana que vem foi o segundo mais votado, por isso, fiquem ligadinhos, pois o tema será Autossabotagem.

Até semana que vem!

Beijos,

Petit Gabi

5 comentários:

Ronaldo disse...

Wow! Excelente!
Já passei por momentos de solidão e descobri que o mais difícil era conviver com o vazio da minha alma e que esse estado estava lá esperando aparecer. Mas belo texto!

Alina disse...

O ser humano é uma célula participante em um grupo.
Nascemos com a necessidade de vida social, não somos indivíduos, mas, com o passar do tempo, e mto tempo, isto é o que estamos nos tornando.
A solidão é ótima por momentos, não como um método de vida.
Não creio , realmente, que alguém possa ser feliz mergulhado na solidão.
Redes sociais, ajudam, são boas muletas, mas não são nem serão a solução.
Ser diferente, esse sempre foi meu mundo, traz tristeza, desilusão total, e claro, solidão, mas chega um momento que vc consegue ainda deixar uma parte, talvez grande parte de si mesmo. Tudo para estar outra vez participando como a célula que vc é, que não tem como fugir. É natureza, biologia, ideologia, que te parece?????

Carta para o futuro disse...

Olá Gabi :)
Se há coisa que eu compreendo é sobre a solidão no meio de muita gente, depressão e necessidade de estar, apenas, com as pessoas que consideramos esenciais para o nosso possível bem-estar.
De facto, as sociedades actuais devido à ambição, ao consumismo, à necessidade de status - associado ao excessivo materialismo - leva a que muitas pessoas com uma visão da vida mais abrangente se sintam, inevitávelmente, dessa forma - a pior das solidões, a solidão no meio da multidão!
Nos padrões de exigência para se atingir certos objectivos de vida, não se contempla muito essa visão em que é importante certos valores menos reconhecidos, mas tão importantes como a cooperação, sinceridade, honestidade, altruismo, amizade pura, entre outros não menos valiosos!
Infelizmente ainda existe demasiada gente a fazer outra muita gente essa forma de solidão.
Vamos pensar que o que se está a passar é apenas um momento. Lembra-te de tudo o que conseguiste que não passasse disso mesmo, de um momento, um breve momento ;)
Beijinhos e continua a escrever

Renata de Castro disse...

Gabi, você já deve ter lido isso muitas vezes, e vai ler mais uma vez, você escreve muito bem! E o que é mais interessante, escreve sobre o que é complexo e abstrato: os sentimentos. Que as vzs nem nós que estamos sentindo conseguimos traduzir em palavras. Parabéns!

Petit Gabi disse...

Oi Renata!

Não estou mais recebendo os comments no e-mail, nem vi o seu. Peço desculpas!
Obrigada pelas palavras, viu. Fiquei bem feliz.

Um beijo!