Segunda-feira, 1º de novembro de 2010. Não lembro como o dia amanheceu. Não vi o céu de Brasília. Não soube se o sol brilhava, se a chuva caía ou se estava simplesmente pintado de cinza. Em contrapartida, lembro da noite anterior. Não era uma noite comum, não estava negra como de costume. Estava colorida por um vermelho vivo, vibrante, emocionante. Para alguns, essa vermelhidão eminente tinha o sabor amargo da derrota, inconformismo e insatisfação. Para outros tantos, era doce, com um sabor inconfundível de felicidade, êxtase, confiança e vitória.
Posso dizer que sempre simpatizei com Lula, porque isso vem de raízes familiares. Quando criança, fui aos seus comícios na minha cidade e na estante da sala na casa de minha mãe, tem uma foto minha abraçada a ele, aos 10 anos de idade. Mas, fora esse fato histórico pessoal, isso nunca chegou a me interessar de fato e por muito tempo estive apática. Claro, eu acompanhava por noticiários e revistas os diversos momentos marcantes desses oito anos do governo Lula. Eu sabia o que estava acontecendo, mas não me importava. Eu vivia em cima de um confortável muro lilás. (rosa não é minha cor favorita - risos).
Quando foi lançada a candidatura de Dilma, eu nem tinha noção se realmente iria apoiá-la. Como muita gente por aí, eu também dizia que não conhecia aquela mulher. Só que aí pensei, por que não? Por que não posso conhecê-la? Como posso dizer que não quero essa pessoa governando meu país, se não tenho sequer conhecimento sobre quem ela foi e quem é. Foi o que fiz. Aliás, foi o que fizeram por mim, porque teve uma pessoa em especial que me mostrou não apenas sobre ela, a candidata, mas a respeito de todo um universo por trás daquilo que eu achava que sabia sobre Política.
Confesso que em diversos momentos eu pensei em voltar para cima do muro. Fui descobrindo um submundo de mentiras e alianças interesseiras que me davam ânsia e o mais complexo, pra mim, foi aprender a aceitar que Política é para quem tem estômago forte. Que a corrupção, infelizmente, está presente em todos os partidos e que cada um deles, tem sua cestinha de maçãs podres. Quer dizer, é ingenuidade afirmar que o Governo Lula foi o mais corrupto da História desse país. Todos os mandatos anteriores também tiveram corrupção, a diferença é que foi quase tudo muito bem encoberto. O que é muito pior!
Durante todo esse percurso de descobertas tardias eu ainda tinha medo de me expor, de entrar em debates onde não conseguiria comprovar, com dados estatísticos, o que eu dizia. Porque no fundo, no fundo, não estava madura o suficiente. A eleição de 2010 foi a primeira em que eu realmente quis saber o “porque dos quais e os poréns”. Eu estava ali, lendo, ouvindo, questionando e aos poucos, tive certeza do que eu queria, não apenas pra mim, mas para meu país. Foi quando eu pude defender de verdade uma convicção política, quando eu ousei declarar abertamente no que eu acreditava e escancarar tudo que eu pensava ou sentia, sem medo de ser feliz.
No fim de tudo, nem acompanhei o “rebuliço” da Dilma, como disse minha mãe. Não fui para a rua comemorar sua vitória. Era desnecessário, porque eu sabia que a maior comemoração acontecia dentro de mim e de todos os brasileiros que votaram nela. Que acreditam que o país pode de fato seguir mudando, melhorando, crescendo e aparecendo, por suas qualidades.
Então, amigos, é chegada à hora de encerrar as “guerrinhas partidárias”. Não há mais a disputa esquerda x direita, PT x PSDB, Dilma x Serra... Não é mais o momento de desdenhar a pessoa escolhida por grande maioria dos brasileiros, nem de desacreditar na sua capacidade de fazer melhorias por afirmar ser ela uma total desconhecida no âmbito político, mesmo porque, ela não é. Teremos quatro anos para saber do que Dilma é capaz. O Brasil saberá e o mundo também.
Desejo sinceramente que os próximos anos sejam os melhores e que possamos viver em um país mais digno e com a tão sonhada igualdade. Que os preconceitos sejam postos de lado, pois independentemente do estado que nascemos e vivemos, das nossas escolhas partidárias e das nossas diferenças culturais, todos queremos a mesma coisa: um país mais justo e democrático. Sem ilusões, sem demagogias e, principalmente, sem guerras particulares.
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Até semana que vem e que nosso Brasil siga mudando.
Beijos!
Revisão Felipe Rui.
6 comentários:
Muito lindo, Gabi. Parabéns. Teus textos estão ficando melhores e mais profundos.
mtoo bom esse texto gabiiii,tá de parabéns vc,vamos esperar pra ver mesmo o q vai ser do Brasil nesses 4 anos.beijoos.
Obrigada Luiz e Gláuce. Ter esse retorno de quem lê meus textos é muito importante pra mim. Um grande incentivo, mesmo!
Beijos
ótimo texto Gabi!!! Foi exatamente o que senti nessas eleições... sua fã eterna!
Que texto maravilhoso. *bate palmas*
Poli e Emanuella,
Obrigada pelo carinho. Fico feliz por gostarem do texto.
Beijos!
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