6.6.11

Um culto ao silêncio.

 
“Só entende o valor do silêncio, quem tem necessidade de calar para não ferir alguém.” 


Existe um ditado que diz “A palavra é prata, mas o silêncio é ouro”. E não há maior verdade do que essa. Se pararmos para observar, os problemas de relacionamento são causados muito mais por palavras mal ditas do que por silêncios indecifráveis. Tem gente que se incomoda com o silêncio e a necessidade de falar é tão grande que as pessoas estão o tempo inteiro  carentes de companhia.

Quando não se ouve uma resposta para um insulto, um elogio, uma pergunta, enfim, para qualquer som emitido que exija um retorno, parece que abre-se um vazio que não é possível ser preenchido até que se ouça algo. A sensação de impotência e descontentamento é muito maior diante do que não se pode ouvir do que por palavras proferidas, mesmo que estas machuquem ainda mais.

Não é muito difícil encontrar pessoas silenciosas sendo taxadas de antissociais, sonsas, chatas, entre outras qualidades nada apreciadas. Pessoas que, na maioria das vezes, apenas querem se abster de dar uma opinião errada ou que só estão afim de pensar melhor sobre tudo que está acontecendo ao seu redor.

Conseguir manter-se em silêncio parece um grande desafio para quem fica o dia inteiro em um blá blá blá incessante. A falta de som não é prejudicial, nunca foi e nem nunca será. Ter o autocontrole de se calar quando necessário e até mesmo não ter necessidade nenhuma de falar é algo que deveria ser praticado todos os dias, e por todas as pessoas. Devemos aprender a silenciar nossas bocas para ouvir o que diz nosso coração. Pode até parecer um clichê barato, mas não é. Fazer companhia a si  mesmo, sem emitir uma palavra sequer, faz com que sua mente expanda para horizontes mais distantes do que sua voz é capaz de alcançar.

No Budismo é pregado que para alcançar o Nirvana é importante abstrair-se de todos os sons a sua volta e ficar envolto em um completo silêncio, através da meditação. O que é muito mais do que fazer com que sua boca pare de falar, pois sua mente também precisa se calar. Momentos solitários trazem benefícios ao espírito e ajudam a trazer de dentro de si o que não se encontra do lado de fora.

Cultuar o silêncio se tornou algo raro e talvez menos palavras precisem ser ditas para que possamos, enfim, nos encontrarmos com nós mesmos. Porque aí será possível descobrir as respostas para problemas que tanto nos afligem. As mesmas respostas que insistimos em buscar na palavra alheia. Quando o que encontramos nesse emaranhado de opiniões diferentes e contraditórias é apenas mais confusão. No final das contas, acho que a paz, que muitos de nós procuramos, está exatamente no silêncio que não somos capazes de fazer.

E como disse Fernando Pessoa:

“Enquanto não atravessarmos a dor da nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.”

Revisão: Felipe Rui

P.S. O Blogspot não me deixou colocar imagens, mas assim que voltar a funcionar, posto uma foto que achei muito fofa. ;)

Petit Gabi

Um comentário:

Anônimo disse...

Lembrei-me de uma musica antiga chamada O SOM DO SILENCIO - Simon Art Garfunkel...
Lindo texto. Parabéns!