25.8.09

Não mate o adolescente que vive em você.

Só pra começar, devo dizer que esse texto será mais uma confissão, do que exatamente uma discussão sobre determinado assunto.

Sempre fui muito romântica e quando adolescente isso foi ainda mais forte. Assistia todas as comédias românticas possíveis, escrevia diários, fantasiava amores, sonhava acordada com situações que nunca cheguei a vivenciar – não exatamente daquela maneira, é claro. E acho que foi mais ou menos aos 18 anos (muito normal, diga-se de passagem) que eu deixei morrer uma parte dessas de mim. Para ser mais específica, foi depois de receber constantes negativas a esse respeito. Alguém me disse que eu tinha uma visão romântica demais da vida e sofria do “Complexo de Cinderela”. E era verdade.

Depois disso, passei a ser mais realista. As experiências que se seguiram ficaram cada vez mais longe da fantasia romântica adolescente. Sofri menos por amor. E as relações foram muito mais pautadas pela razão do que pela emoção (nem todas, claro). Isso foi bom? Sim, por um lado, foi bom. Quando você é mais racional, digamos que tem mais controle sobre o que sente, se entrega menos e teoricamente, se machuca menos quando alguém não corresponde às suas expectativas. Em contrapartida, ficamos mais secos, desconfiados, desinteressados e até “antirromânticos”. Na verdade, o ideal mesmo, é encontrar um meio termo. Que é exatamente o que ando tentando fazer.

Bom, mas como eu disse no começo, esse texto é de fato uma confissão. E o que me levou a escrevê-lo foi o quanto tenho me sentido extremamente adolescente depois de assistir Crepúsculo(o primeiro de quatro livros que contam um amor entre uma humana e um vampiro que virou filme em 2008). Sei que grande parte dos meus amigos me chamarão de tola, vão rir e dizer que a irmã, prima, vizinha de 15 anos que gostam disso, etc. Mas, preciso confessar. Estou extremamente viciada nessa historinha batida de amor. E olha que é com um tremendo atraso, porque isso já é febre entre os adolescentes há um bom tempo. Detalhe, não satisfeita com o filme, vou ler o livro no qual foi baseado. E se bem me conheço, vou querer ler todos os outros também. (risos)

Ah, só mais uma coisinha. Mais uma confissão. Além de assistir o filme, pedir o livro emprestado, baixar trilha sonora e pesquisar horrores a respeito na internet, ainda tive a pachorra de comprar uma Capricho. É, Capricho! Fazia muito tempo que eu nem olhava para ela na banca de revistas. Mas, posso ser sincera? Gostei disso. Gostei de me sentir assim de novo. Me empolgar com algo, mesmo que tolo. E foi muito bom ressuscitar a adolescente assassinada por mim aos 18 anos.

P.S. Texto postado ao som da trilha sonora de Crepúsculo. (Pode rir. Eu deixo!)

Para quem "ainda" não viu o filme, aí está o trailer.

18.8.09

Quando foi que ficamos tão insensíveis?



Um dia desses assisti um vídeo* que faz parte de uma interessante campanha de conscientização. Ela trata da falta de sensibilidade do ser humano, principalmente quando adulto, diante das mazelas sociais. Nesse caso em particular, trata sobre o abandono e o trabalho infantil. Mas, este é apenas um exemplo dentro de uma gama de outros que merecem ser observados.

Deixando de lado qualquer discurso demagógico a esse respeito, acredito que o abandono seja o pontapé inicial para essa discussão. Família, amigos, comunidade, governo, não importa. O ato de abandonar alguém a própria sorte - mesmo que essa pessoa tenha possibilidades de em algum momento tomar conta de si - é o primeiro sinal de que cada vez mais o ser humano tende para a insensibilidade.

Obviamente, temos sempre um discurso pronto para justificar nossa falta de ação. “É um problema social, então, o governo que resolva”, “Ah, alguma coisa essa pessoa fez para merecer essa situação. Deve ser para pagar seus pecados” ou “Se a gente parar para pensar nesse tipo de coisa, enlouquece” e assim por diante. Vamos passando o problema para frente e dizendo “Epa, isso aí não é comigo não!”.

Crianças pedindo esmola ou sendo obrigadas a trabalhar nas ruas, enquanto podiam brincar e estudar ou simplesmente ser criança. Idosos relegados ao esquecimento em asilos, a maus-tratos dentro do lar que ajudou a construir ou até mesmo vagando pelas ruas sem o descanso que a idade o fez merecer. Mães arrastando seus filhos pelas ruas com olhos de fome, implorando compaixão e caridade. Doentes mentais sendo rechaçados, servindo de brinquedo nas mãos de pessoas que não imaginam que um dia possam passar pelo mesmo transtorno. Imagens nada incomuns que povoam nossa realidade, não é mesmo?

Todos os dias nós acompanhamos situações como essas. Seja nos meios de comunicação, na rua, na escola, no trabalho, na casa do vizinho ou até mesmo dentro de nossa casa. E geralmente fazemos o que? Alguns se indignam, outros lamentam, mas a maioria não faz nada. Isso mesmo, nada. E não porque não pode, mas por acreditar que o que vai fazer é pouco demais. Acaba que quase ninguém age de verdade e alguns problemas que são pequenos tomam proporções muito maiores.

Acredito que o sofrimento humano anda tão banalizado que o próprio ser que o sente despreza o que está sentindo. A violência, a fome, a falta de educação, a discriminação, o abandono, a esposa espancada, a criança que pede pra olhar o carro e o velhinho dormindo na calçada tem seu foco desviado para outras atenções. Nós passamos a nos atentar muito mais para os escândalos do Senado, às acusações de mau uso da fé nas Igrejas, ao time que vai mal no campeonato, a reviravolta que vai acontecer na novela, enfim, a qualquer coisa que não nos faça ter que observar as desgraças humanas.

Claro, não estou dizendo que devemos ficar “bitolados” com a condição humana. As mazelas sempre existiram e continuarão a existir. Mas, é constrangedor perceber como algumas coisas estão se tornando invisíveis para nós. Que quando nos tornamos adultos ficamos com a capacidade de enxergar apenas aquilo que queremos ver. E que ainda por cima, muitos de nós escolhem ficar cegos.


*Vou procurar o vídeo para linkar aqui.

Posts similares:


P.S. Quem tiver dicas de textos similares, por favor, me indica! =)

2.8.09

"Ó mágoa revisitada".


“Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!”


Ninguém melhor que os poetas para descrever e escrever sobre ‘mágoa’, não é mesmo? Aliás, esse é um sentimento tão bem representado que pode soar até um pouco pretensioso que eu escreva a respeito. Porém, como estou em um constante processo de aprendizagem e treinamento, me arrisco a tratá-la como um assunto corriqueiro, o que de fato é. Afinal, está tão presente no dia-a-dia das pessoas, entranhada na pele de muita gente e sufocando tantas outras que achei que valia muito a pena a tentativa.

Não venho aqui escrever um texto piegas e muito menos romântico. A mágoa já foi muitas vezes descrita dessa maneira. Aqui, eu quero falar da mágoa que corrói as pessoas diariamente, aquela “magoazinha” que alimentamos e achamos não ser nada, mas que quando nos damos conta já tornou nossa vida obscura. 

Bom, mesmo fugindo da pieguice e do romantismo escrachado entendo ser impossível falar de mágoa e não falar de amor. Mesmo porque, em tantos e tantos casos, amor e mágoa andam de mãos dadas, confundindo, amargurando e destruindo muita gente. Afinal, quem nunca guardou mágoa de um amor mal resolvido ou não correspondido? 

Sentir-se magoado é coisa normal. O que acredito ser ruim é alimentar esse sentimento. As pessoas sempre vão nos magoar. Ninguém é perfeito, afinal de contas. O que a gente não pode é permitir que essa sensação ruim deixada pela mágoa vá tomando de conta das nossas relações pessoais. Porque é incrível a capacidade que o ser humano tem de encontrar espaço dentro de si para ir entulhando esse tipo de coisa.

Faz algum tempo, venho observando como nós alimentamos a mágoa. Ela começa como uma reação a algo que nos tenham feito, como uma ofensa, traição, uma palavra trocada em um momento ruim, uma interpretação errada de uma ou outra atitude, enfim, tudo aquilo que consideramos desagradável na conduta alheia perante nós. Algumas pessoas tem uma grande facilidade para perdoar e até para esquecer tais “incidentes”. Outras perdoam, mas seguem a risca o ditado “perdoar, não é esquecer” e preferem seguir suas vidas sem mais ter que voltar a falar com que lhe causou a mágoa. E a maioria, em contrapartida, não perdoa, não esquece e ainda alimenta a mágoa.

Eu, particularmente, não sou nenhuma Madre Teresa de Calcutá ou outra santa do gênero, mas, em quesito “Perdoai-os eles não sabem o que fazem” eu até que me saio bem. (risos). Mágoa tem pouco ou nenhum espaço na minha vida. Porque, afinal de contas, é um sentimento que fica muito bem em letras de músicas, poemas e até sendo encenada por atores em um palco, mas, na vida real, sinceramente, não tem nenhuma serventia.