Tem dias que a gente tá tão feliz, que dizer um "oi" a um estranho não parece nada estranho, né? Pois bem, hoje foi meio assim. Não que eu estivesse saltitando de alegria. Na verdade, eu acordei muito mal humorada. Mas, me neguei a ficar assim por muito tempo e resolvi reverter o quadro de rabugice.
Decidi por fazer pequenas coisas. Dei bom dia para quem eu encontrava na rua. Segurei a porta do elevador para as senhoras com sacolas nas mãos. Brinquei com o cachorro da moça que passeava na rua. Acenei para o velhinho na janela. Apertei a bochecha rosa e gorda de um bebê que tava brincando na pracinha. Entre outras estranhas gentilezas com estranhos. Enfim, estava tentando "socializar", ser simpática e mostrar um pouco de amabilidade.
Agora, respondam sinceramente. O que vocês acham que rolou durante e depois dessas atitudes? Aposto que pensaram "nossa, as pessoas devem ter achado bacana" ou coisa assim, né? Pois, estão enganados, meus caros. Sei lá por que cargas d'águas, não sei se eu parecia meio maluca ou coisa do tipo. Mas, as pessoas não foram tão receptivas como eu esperava que fossem.
Os meus bom dias eram olhados com surpresa e respondidos apenas com múmurios de cabeça baixa. Uma das senhoras, entrou no elevador com a cara mais carrancuda do mundo e simplesmente apertou o botão. O velhinho na janela colocou a cabeça de volta para dentro de casa. A moça pegou o cachorro no colo. A mãe do bebê fechou a cara. Mas, pelo menos o bebê sorriu! Isso, confesso, compensou a ação.
Quase nenhuma pessoa experimentou esboçar um sorriso ou quiça agradecer. Fique tão "passada"! E claro, comecei a me perguntar: WTF está acontecendo com essas pessoas? Não quis dizer com "as pessoas" para não generalizar, afinal tem muita gente disposta a retribuir ou oferecer gentilezas gratuitas. Mas, aquelas, especificadamente, ou estavam muito de mal com o mundo ou eu realmente parecia maluca ou, as pessoas realmente estão cada vez mais temorosas.
Sério, fiquei afim de entender o motivo. Será que o mundo anda tão complicado que as pessoas têm medo, receio, má vontade, ou o que quer que seja, de falar com quem não conhece? Será que agora é cada um no seu círculo social e ponto final? Bom, se for assim a partir de agora, eu me recuso a compartilhar disso. De verdade!
Tudo bem, que a gente vê muita coisa maluca acontecendo por aí. Tem muita gente que faz o mal a revelia, sem importar-se em magoar ou assustar as pessoas. Mas, poxa, também tem gente bacana de sobra pelo mundo. Gente que você pode nem conhecer direito, mas que alguma coisa que preste ela pode ter ensinar, oferece ou compartilhar.
Eu, sempre fui muito receptiva com pessoas estranhas. Nunca tive essa de receio e coisa e tal. Nunca respeitei muito o conselho que as mães dão de não falar com estranhos. Claro, já encontrei gente do mal. Já meio que me ferrei por confiar em quem não conhecia bem. Mas, são coisas da vida. Nesse intermédio entre o "bem e o mal", conheci pessoas excelentes. Algumas só falei uma vez, outras levo para a vida toda. E foram grandes experiências. Não tenho arrependimentos.
Por isso, que por essas e outras, hoje fiquei muito triste. Triste por perceber que vou acabar deixando para meus filhos um mundo cheio de gente que não se presta mais a vivenciar a experiência do bom e velho desconhecido. E pior, pessoas que sequer sabem retribuir pequenas coisas que fazem a vida melhor.
Bom, é isso aí pessoal. Esse post foi mais um desabafo compartilhado com vocês.
E agora, um trecho de uma música do Zeca Baleiro. Que apesar de tratar de uma felicidade advinda de um romance, traz um pouco da sensação que senti hoje ao acordar e querer fazer pequenas e estranhas (?) gentilezas.
"Hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia
De beijar o português
Da padaria..."
Telegrama - Zeca Baleiro
P.S. Bom,todo mundo deve conhecer. Mas, se por acaso alguém não ouviu essa música ainda.Ta aí. Enjoy!
Beijos e mais beijos! Porque como diz um novo amigo meu, quem gosta de dar só abraço é vendedor de carnê do Baú. rs