23.10.11

Viramos reféns do tempo.


Cronologicamente falando, o tempo é medido pelos ponteiros de nosso relógio. As horas que guiam os compromissos, as obrigações e as ações. Para ser uma pessoa organizada, é necessário segui-las. Não há jeito de ser diferente. Ou há?
Foto: ©Kamilla

"Saiba que ainda estão rolando os dados. Porque o tempo, o tempo não para." (O tempo não para - Cazuza)

Dia após dia, olhamos para os relógios que tiquetaqueiam incessamente, nos apavorando quando temos que cumprir prazos ou quando estamos aproveitando o final de semana e nos damos conta de que o tempo está passando rápido demais. Nos primórdios, as pessoas se guiavam pelo sol.  E mesmo naquele período, eram obrigadas a seguir horários para acordar, trabalhar, comer, dormir... É natural que o ser humano se guie pelo tempo. É necessário estar apto para acompanhá-lo, pois são as horas que ditam nossas vidas.

A má administração do tempo pode nos comprometer de diversas maneira, como por exemplo, nos fazer perder um dia inteiro de diversão ou trabalho porque dormimos demais. Adoecer porque nos alimentamos fora do horário. Ou perder a chance de ter um relacionamento legal, porque chegamos atrasados a um encontro. Seríamos nós, reféns do tempo?

E se de repente parassemos todos de consultar o relógio? E se todos os tique-taques do mundo fossem destruídos e tivessemos que nos guiar apenas por nossos instintos? Dormir quando se tem sono, comer quando se tem fome, fazer sexo quando se tem tesão, trabalhar quando se está inspirado... Sem seguir ordens cronológicas. O mundo ainda estaria em equílibrio ou o tornaríamos um caos?

"Há entre o tempo e o destino, um caso antigo, um elo, um par. Que pode acontecer, menino se o tempo não passar?" (Tempo e Destino - Nilson Chaves)

Acredito que o caos se instalaria, porque já estamos condicionados a seguir horários. As pessoas se sentiriam perdidas sem ter que cumprir determinados períodos de tempo. Infelizmente é assim. Mas seria interessante ter um poder maior sobre as horas. Por exemplo, seria genial se existisse um controle remoto como no filme Click, onde o personagem de Adam Sandler controla o tempo a seu bel prazer. Claro, ele se prejudica de diversas formas por manipular o tempo à sua maneira. Mas se soubessemos usá-lo com discernimento, seria de grande valia fazer o tempo ir mais devagar quando temos uma meta para entregar. Ou acelerá-lo, quando uma transa está muito ruim e você só quer sair logo dali.

Atualmente, gostaria que meu dia tivesse 36 horas. Tem tanta coisa que quero fazer e sinto que nunca dá para fazer tudo. Sempre tem algo que rouba mais tempo de mim do que eu gostaria. Talvez seja falta de organização da minha parte, talvez eu foque demais em coisas que não deveriam ter tanto a minha atenção, talvez se eu dormisse menos, talvez se eu tabalhasse menos, talvez se eu ficasse menos tempo na Internet... São muitos “talvez” que eu nunca terei certeza sobre qual deles me faz usar meu tempo de forma errada.

"Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo. E até que é fácil acostumar-se com meu jeito." (O mundo anda tão complicado - Renato Russo)

Acabei de refletir e, escrevendo esse texto, percebi que o tempo não deve ser nosso algoz. Ele não deve nos dominar, nos impor medo, não deve ser um castigo. O tempo deve trabalhar ao nosso favor. Deve ser um aliado, não um inimigo. Vamos trabalhar melhor o nosso tempo e tenho certeza que seremos capazes de aproveitá-lo muito mais. Tudo isso, sem transformar o mundo em um caos.

Revisão: Felipe Rui.

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Ah, o tempo... Sempre ele me roubando momentos como esse, em que posso escrever para mim, para vocês! Sempre sinto saudades.
Espero que vocês estejam aproveitando seu tempo melhor que eu. Mas estou trabalhando nisso. Constantemente!



Beijos!



1.10.11

Doce e amarga.

Foto: Luiz Paulo Marques de Souza
Sou uma pessoa que não dou para trás em meus planos. Traço uma reta e sigo por ela. As vezes, claro, ensaio uma circunferência. Mas jamais estaciono no ponto final. Acho que minha vida é meio que um squiggle infinito.

Não faz muito tempo,  juntei meus trapos e subi em um ônibus rumo a São Paulo. Foram quase quatro horas de viagem, onde tentei acalmar um constante medo que eu tinha, o de me tornar mais uma daquelas pessoas que se perdem por aqui e jamais são encontradas. Pra variar, junto com minha pequena bagagem vieram grandes expectativas. Normal. Acho que todo mundo é assim. O ser humano é assim, adora criar sua própria dimensão das coisas.
Foto: Rosangela Lima
  
Aqui se trabalha muito. Gasta-se o dobro do tempo para ir a qualquer lugar, mesmo quem tem carro. Só para ir na esquina você já paga R$10. Tá todo mundo sempre cansadas. O trânsito é infernal... Mas por que as pessoas insistem em vir para cá? Por que eu vim para cá? Por que todo dia desembarca um monte de gente na rodoviária do Tietê ou em Guarulhos e Congonhas? 

Quando cheguei em São Paulo, me deparei com um formigueiro. Um grande formigueiro cheio de pequenas cabeças apressadas. Corpos esbarrando uns nos outros, sem tempo de parar e pedir desculpa. Carros com pessoas impacientes e suas buzinas incessantes. Uma infinidade de viadutos sem mais espaço para guardar os cobertores de quem dorme ao relento. 

Grande parte dessa cidade é etérea. Aqui os prédios se constroem sob esperança. Os ônibus passeiam por ruas de saudade. As pessoas caminham por calçadas de alegrias e tristezas. Os muros são pichados com frases poéticas. Os sonhos são realizados e as ilusões destruídas. Alguns planos são concretizados e outros sequer saem do papel. E ninguém vai embora.

Qualquer pessoa que eu conheço, que tenha vindo para cá, veio atrás da realização de algum objetivo. São Paulo é uma cidade cheia de defeitos, mas é um lugar que há anos recebe milhões de pessoas e abre cada vez mais espaço para acolhê-las. Talvez por isso já esteja cheia demais.
Foto: Marco Braz
Aqui eu dividi quarto em um pensionato com cinco meninas. Trabalhei em uma editora, onde tinha que vender espaço publicitário, o que implicava andar por lugares que eu nem conhecia. Conheci pessoas incríveis por um tal de Twitter. Entrei para uma grande empresa que jamais pensei ter chance. Consegui um cantinho só pra mim. Descobri que quanto mais você ganha, menos você gasta fazendo o que gosta. Conheci mais gente incrível. Adotei uma gatinha e tive a pachorra de chamá-la de Panicat. Percebi que não adianta morar em uma cidade legal, conhecer pessoas incríveis e ganhar dinheiro se você não tem disposição para aproveitar nada disso... Enfim.

Nessa cidade, as ilusões se desfazem, mas as pessoas continuam aqui. E eu, mesmo depois do medo, das incertezas, das lágrimas, da dor e depois do escorregão no meu primeiro dia, o que me deixou o joelho direito roxo por semanas, cheguei e fiquei. E não vou mais a lugar nenhum. Porque a minha vida agora é aqui. Debaixo dos prédios altos e sob o incessante barulho das buzinhas ensurdecedoras. Pelo menos, até o próximo traço do meu squiggle


Revisão: Felipe Rui.


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Bom, depois de mais um longo hiato, cá estou eu novamente com minha enorme cara de pau, esperando que vocês ainda venham ler este blog. rs
Espero que gostem desse meu pequeno depoimento sobre minha grande aventura nessa selva chamada São Paulo. Um lugar em que se mata um leão por dia, para se ter a dádiva de deitar e poder sonhar toda noite.

Beijos!


10.8.11

Quando o sexo fica fofinho.


Enquanto pensava em como escrever esse texto, me questionei o seguinte: o relacionamento sexual de um casal fica relativamente morno quando passam para o patamar do "eu te amo"? Quer dizer, enquanto a relação está sem o compromisso de fato, as coisas podem ser mais leves ou nada muda de verdade?

Todo começo de relacionamento é quente. Se o seu não foi, ou o casal era tímido, você frígida/ele impotente ou as suas religiões não permitiam. Sério, é muito difícil que uma relação comece morna. Há sempre aquela tensão sexual onde as mãos invariavelmente são guiadas para os lugares mais “impróprios” e é complicado controlar.

 
O que dizer então do linguajar? É de “vagabunda”, “safado”, pra pior. Volto a dizer, isso só não acontece se você é muito recatado(a) ou qualquer uma das outras opções citadas no parágrafo anteriormente. Sexo não foi feito para ser fofinho. É carnal,  é aquilo que envolve o proibido, o secreto, o desejo, a intensidade...

Um amigo meu, que prefere se manter anônimo, disse uma coisa que se encaixa bem com o que quero dizer: “Intimidade é uma merda né? Todo casal de namorados com o tempo começa criar suas próprias gírias, suas próprias coisinhas fofas. Sexo acaba virando coisa fofa... Chega uma hora que você para de foder e começa a transar.”


Pois bem, e quando o sexo começa a ficar bonitinho, como fica? O que quero dizer com “bonitinho”, “fofinho” é quando a relação sexual entre um casal fica morna, sem as peculiaridades tão presentes no começo. É quando a noite morre no papai e mamãe mais sem graça da face da terra. Não que não ter aquela foda homérica diariamente signifique que o relacionamento não tem mais graça. Mesmo porque não é toda dia que a Bruna Surfistinha baixa na gente. Mas venhamos e convenhamos, nada torna uma relação mais frustrante do que a perda do apetite sexual. Ou quando a rotina toma conta e fica impossível inovar.


Como bem disse a Renata Chelli, mais conhecida como Rebiscoito, do adorável Biscoitices: “Sexo no começo é sempre muito bom, mas depois que o casal tem bastante intimidade pode ficar ainda melhor. Cada um conhece mais o corpo do outro, sabe como fazer o outro gozar mais facilmente... Isso pode ser uma vantagem, mas também algo ruim. O casal não pode deixar a coisa esfriar, tornar o sexo uma coisa cômoda, mecânica sabe?”. 


Acho que, independente do grau que a relação esteja, seja na fogueira do início ou na calmaria de um relacionamento estável, o sexo só fica morno se o casal deixar. O amor e todo o romantismo que envolve esse sentimento não joga um balde de água fria nos lençóis.  A rotina e conhecer melhor um ao outro pode até ser um “quê” a mais para a relação. O Fernando Gouveia, o Gravz, do Gravataí Merengue, tem uma opinião formada sore isso “Se as coisas mudam? Sim. Mas eu acho que tudo tem a ver com a natureza do homem e a natureza da mulher. Não são "naturezas" iguais e, além disso, hoje em dia a sociedade é muito mais libertária. Parece, em princípio, uma falência do sistema matrimonial, mas na verdade é uma alforria: podemos, enfim, fazer o que nos der vontade.”


O sexo pode sim ser romântico. Aliás, nada mais gostoso do que ficar abraçadinhos, curtindo o momento , sentindo o corpo um do outro. Ou um gracioso “eu te amo” após um orgasmo. Mas o sexo nunca pode ser mecânico, como disse a Rê. E ele se torna mecânico quando paramos de falar coisas safadas, inventar novas posições e, principalmente, quando viramos para o lado e dormimos sem nem ao menos curtir o que acabou de acontecer. Outra coisa importante: os problemas não devem nunca ser levados para a cama. Para isso temos o sofá.



 Revisão: Felipe Rui.


*Agradecimentos especiais para a Rê, o Fê e amigo que prefere se manter anônimo, pela colaboração.

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Então é isso, galera... 
Minha meia dúzia de leitores pode estar se perguntando por que esse hiato entre os post's. Tenho algumas teorias: preguiça, falta de tempo, falta de inspiração... Todas juntas acabam se tornando o motivo. De qualquer forma, o importante é que voltei mais uma vez e espero que este blog não tenha mais paradas bruscas.
Para quem tá achando estranho eu ter pulado do assunto Deus para essa temática sexual, não se assustem... É o meu jeitinho! rs

Um beijo e até o próximo! 


23.6.11

E se Deus fosse um de nós?

Quando estou sozinha, perdida em minhas aflições, com uma interminável lista de perguntas sobre aquilo que não consigo compreender. Eu penso em Deus. Quando meu coração está partido pelas mazelas do mundo e não há nada que esteja ao meu alcance para resolver isso de imediato. Eu penso em Deus. Quando eu não aceito o que acontece de errado em minha vida e eu não tenho ninguém a quem culpar. Eu penso em Deus. Quando eu compartilho meus melhores momentos com aqueles que amo e não sei a quem agradecer por tantas dádivas recebidas. Eu penso em Deus.

Pensar ou crer em Deus, não está ligado a nenhum tipo de religião ou crenças impostas por dogmas e leis humanas. Nem te obriga a seguir nenhum mandamento bíblico. Muito menos a ter que ir a cultos e missas aos domingos. Pensar ou crer  em Deus está ligado a fé. Ao invisível. A algo que nunca poderemos ver e tocar.  Apenas sentir.

A ciência está cheia de provas da inexistência de Deus. A Bíblia é um livro que foi escrito e reescrito pelas mãos humanas, está repleto de falhas incontestáveis. As igrejas estão cheias de pessoas que mentem e manipulam em seu benefício próprio. Mas ainda assim, é preciso ter fé em alguma coisa.
Se Deus fosse um de nós, será que Ele conseguiria entender a fundo a dor sentida por um gay excluído por ser apontado como um ser diferente dos demais? Se Deus fosse um de nós, Ele entenderia que transar com camisinha é totalmente compreensível em um mundo repleto de doenças sexualmente transmissíveis? Se Deus fosse um de nós, será que ele levaria para casa todos que estão nas ruas passando fome e frio, sem julgá-los pela sua incapacidade de prosperar na vida como todo o resto?  Se Deus fosse um de nós, será que ele abriria mão de seus próprios interesses em prol de uma Política limpa que beneficiasse os países? Se Deus fosse um de nós, será que Ele perdoaria aqueles que não acreditam em sua existência, sem condená-los ao eterno fogo do inferno? Nunca vamos saber. 
 
Deus é visto de acordo com a ideia que cada um tem dele. De sua existência ou inexistência. Não importa se você é católico, evangélico, budista ou ateu. Você sempre verá Deus à sua maneira. E essa é a forma correta, porque Deus não é um ser que está sentado sob um trono, apontando sua lupa sob o sol para nos queimar aqui na Terra. Deus é quem você quiser que Ele seja.

Acreditar ou não em Deus não faz nenhuma diferença. Porque o que conta de verdade é que você tenha a que se apegar. O mundo e a nossa vida estão cheios de fardos pesados demais para carregarmos sozinhos. Em diversos momentos não suportamos levar sob nossos ombros o peso da dor, da desilusão, da solidão e da falta de ter em que acreditar. É preciso se apegar a algo. É necessário criar vínculos com aquilo que consideramos sagrado. Senão, seremos apenas parte de um nada que compõem um todo vazio.

Eu acredito em Deus. E isso me faz feliz. Busque acreditar no que te faz bem e, certamente, você será feliz também.

Revisão: Felipe Rui 

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É isso, galera! Faz tempo que não posto nada e na verdade não ando muito inspirada. E esse parece um texto feito por alguém muito ruim em redação, mas é o que sinto.  De qualquer maneira, espero que isso faça sentido para mais alguém além de mim.