Mais um da série Contos pra te contar.Gente, essa, é só mais uma tentativa de escrever ficção. Não esperem muito, por favor. Tenho outros contos, mas, são mais longos e fica complicado postar aqui. Quem sabe um dia crio coragem, dou a cara a tapa e publico.
Esse aqui conta três momentos na vida de Luísa. Quem é Luísa? É uma personagem fictícia baseada em algumas situações, digamos, reais. Gosto disso. Basear as histórias em algo que aconteceu a mim ou as pessoas que me rodeiam. Sei que isso demonstra o quanto ainda sou amadora, porque afinal, o bom escritor simplesmente cria, sem precisar de situações base. Mas, é isso aí. Tento, tento, tento e um dia chego lá.
Espero que gostem!
Grande abraço!
Três vezes Luísa
Pedaços
Foi em um jorro de palavras. Tudo que havia dentro, ela colocou para fora. Sem medidas. Sem espaços. Sem respiração. Falou até não se lembrar de mais nada para justificar o que estava fazendo.
Seu peito estava esmagado.Sentindo cada pedaço da dor que o outro sentia. Abriu os olhos e tudo que conseguiu enxergar foi um manto turvo. Tentou piscar para assimilar o que via. Eram suas lágrimas que teimavam em continuar lavando seu rosto. Lágrimas de dor, sofrimento e frustração. Ela só queria sentar, abraçar os joelhos e ficar ali por tempo indeterminado.
Ficou parada, olhando as luzes distantes de onde ela estava. Ele continuou parado. Ela esperou que ele fosse embora, que a deixasse lá com suas lágrimas. Mas, ele permaneceu ao seu lado. Puxou-a para um abraço. O abraço que ela tanto gostava. Ela recomeçou a chorar. O abraço se desfez. Era a certeza do fim.
Luísa andou sem olhar para trás. O coração sofrendo a dor de alguém. Pensou que o melhor a fazer era fechar-se dentro de si. Ficar longe. Ou melhor, poderia desaparecer. E aí, seria como se nunca tivesse existido.
xxx
Reconstrução
Caminhando pela praia, Luísa deu seus últimos passos naquela que tinha sido sua vida. Olhou o sol que já teimava em esconder-se no horizonte e buscou enxergar o sentido de tudo aquilo. Não conseguiu. Não havia sentido para ser visto. E esse era o maior problema para ela, buscar sentido em tudo.
Sentou-se na areia quente e ficou observando o vai e vem incessante das fracas ondas do mar. Olhou o horizonte. Parecia mesmo infinito. Suspirou e relaxou os ombros. Sentia como se toda a tensão do mundo estivesse alojada sob suas costas. Respirou. Suspirou. Repetiu o processo diversas vezes. Por fim, conseguiu relaxar. E talvez até demais, porque sentiu vontade de dormir.
Ali, deitada sob a areia quente e molhada ela adormeceu. Sonhou sonhos possíveis. Acordou com a água morna molhando suas costas. Levantou sorridente e caminhou com a roupa pingando. Sentiu vontade de rodopiar. Quem estava a sua volta nada entendeu. Ela não parecia fazer sentido. Ela já não queria mais fazer sentido.
Foi aí, que decidiu recolher os pedaços. Aqueles que ela havia deixado de lado. Aqueles que doíam só de olhar. Aqueles que ela havia inutilmente tentado ignorar por um tempo. Mas, que agora, era necessário juntar.
Nem sabia por onde começar, mas, foi seguindo seus instintos. Catou cada pequeno pedaço escondido. E em alguns momentos conseguiu surpreender a si mesma. Como era possível que ela tivesse permitido se despedaçar daquela maneira? Insensata. Havia coisas que nunca mudariam e ela enfim se dava conta disso.
No final de sua busca, já exausta, decidiu deitar. Mas, não conseguiu dormir como naquela tarde. Levantou a cabeça do travesseiro e olhou a pilha no chão. Era chegada a hora de reconstruir o caminho, pensou. Era chegada a hora de reconstruir ela mesma.
Levantou da cama e sentou ao lado dos pequenos pedaços que ela reconhecia tão bem agora. Começou a montar o quebra-cabeça de si. E a cada peça que conseguia juntar, sorria satisfeita.
Era sua própria existência que estava em reconstrução.
xxx
Recomeço
Aquelas ruas pareciam mais familiares do que nunca. Cada passo era dado com uma indescritível sensação de leveza. Olhava atentamente cada detalhe, como que para ter certeza de tudo. Fotografava com o olhar, rostos, prédios, folhas caídas no chão. Todos os mínimos e pequenos movimentos.
Decidiu parar. Sentou em um banco e deixou que a brisa leve e refrescante batesse em seu rosto. Olhou o céu azul. E ele tinha um azul tão claro, que mais parecia branco. Reparou nas gordas nuvens que passeavam tranquilas e ficou pensativa.
Às vezes, ainda não acreditava na rapidez com que tudo aquilo havia acontecido. Parecia surreal, mas era real. Ela tinha sua vida de volta. Alguém a havia presenteado com a chance de um recomeço.
Fez uma viagem mental e vasculhou o passado recente para ter algumas certezas. Não havia deixado nada para trás. Ou pelo menos, nada que estivesse mal resolvido. Pela primeira vez havia conseguido fazer as coisas acontecerem dentro de um sincronizado começo, meio e fim.
Sentiu uma pontada de satisfação. A mesma que sentimos quando conseguimos concluir uma tarefa que nos é dada.
Luísa sabia que ainda havia muito para ser feito, mas, já não tinha pressa. Era como se tivesse todo o tempo do mundo nas mãos. Não queria correr, nem apressar nada. Desejava sentir tudo, cada gosto, cada cheiro, cada sensação, todos os sentimentos. Tudo muito lentamente. Para que pudesse enfim, aproveitar o que a vida vinha constantemente oferecendo a ela.
Seu peito estava esmagado.Sentindo cada pedaço da dor que o outro sentia. Abriu os olhos e tudo que conseguiu enxergar foi um manto turvo. Tentou piscar para assimilar o que via. Eram suas lágrimas que teimavam em continuar lavando seu rosto. Lágrimas de dor, sofrimento e frustração. Ela só queria sentar, abraçar os joelhos e ficar ali por tempo indeterminado.
Ficou parada, olhando as luzes distantes de onde ela estava. Ele continuou parado. Ela esperou que ele fosse embora, que a deixasse lá com suas lágrimas. Mas, ele permaneceu ao seu lado. Puxou-a para um abraço. O abraço que ela tanto gostava. Ela recomeçou a chorar. O abraço se desfez. Era a certeza do fim.
Luísa andou sem olhar para trás. O coração sofrendo a dor de alguém. Pensou que o melhor a fazer era fechar-se dentro de si. Ficar longe. Ou melhor, poderia desaparecer. E aí, seria como se nunca tivesse existido.
xxx
Reconstrução
Caminhando pela praia, Luísa deu seus últimos passos naquela que tinha sido sua vida. Olhou o sol que já teimava em esconder-se no horizonte e buscou enxergar o sentido de tudo aquilo. Não conseguiu. Não havia sentido para ser visto. E esse era o maior problema para ela, buscar sentido em tudo.
Sentou-se na areia quente e ficou observando o vai e vem incessante das fracas ondas do mar. Olhou o horizonte. Parecia mesmo infinito. Suspirou e relaxou os ombros. Sentia como se toda a tensão do mundo estivesse alojada sob suas costas. Respirou. Suspirou. Repetiu o processo diversas vezes. Por fim, conseguiu relaxar. E talvez até demais, porque sentiu vontade de dormir.
Ali, deitada sob a areia quente e molhada ela adormeceu. Sonhou sonhos possíveis. Acordou com a água morna molhando suas costas. Levantou sorridente e caminhou com a roupa pingando. Sentiu vontade de rodopiar. Quem estava a sua volta nada entendeu. Ela não parecia fazer sentido. Ela já não queria mais fazer sentido.
Foi aí, que decidiu recolher os pedaços. Aqueles que ela havia deixado de lado. Aqueles que doíam só de olhar. Aqueles que ela havia inutilmente tentado ignorar por um tempo. Mas, que agora, era necessário juntar.
Nem sabia por onde começar, mas, foi seguindo seus instintos. Catou cada pequeno pedaço escondido. E em alguns momentos conseguiu surpreender a si mesma. Como era possível que ela tivesse permitido se despedaçar daquela maneira? Insensata. Havia coisas que nunca mudariam e ela enfim se dava conta disso.
No final de sua busca, já exausta, decidiu deitar. Mas, não conseguiu dormir como naquela tarde. Levantou a cabeça do travesseiro e olhou a pilha no chão. Era chegada a hora de reconstruir o caminho, pensou. Era chegada a hora de reconstruir ela mesma.
Levantou da cama e sentou ao lado dos pequenos pedaços que ela reconhecia tão bem agora. Começou a montar o quebra-cabeça de si. E a cada peça que conseguia juntar, sorria satisfeita.
Era sua própria existência que estava em reconstrução.
xxx
Recomeço
Aquelas ruas pareciam mais familiares do que nunca. Cada passo era dado com uma indescritível sensação de leveza. Olhava atentamente cada detalhe, como que para ter certeza de tudo. Fotografava com o olhar, rostos, prédios, folhas caídas no chão. Todos os mínimos e pequenos movimentos.
Decidiu parar. Sentou em um banco e deixou que a brisa leve e refrescante batesse em seu rosto. Olhou o céu azul. E ele tinha um azul tão claro, que mais parecia branco. Reparou nas gordas nuvens que passeavam tranquilas e ficou pensativa.
Às vezes, ainda não acreditava na rapidez com que tudo aquilo havia acontecido. Parecia surreal, mas era real. Ela tinha sua vida de volta. Alguém a havia presenteado com a chance de um recomeço.
Fez uma viagem mental e vasculhou o passado recente para ter algumas certezas. Não havia deixado nada para trás. Ou pelo menos, nada que estivesse mal resolvido. Pela primeira vez havia conseguido fazer as coisas acontecerem dentro de um sincronizado começo, meio e fim.
Sentiu uma pontada de satisfação. A mesma que sentimos quando conseguimos concluir uma tarefa que nos é dada.
Luísa sabia que ainda havia muito para ser feito, mas, já não tinha pressa. Era como se tivesse todo o tempo do mundo nas mãos. Não queria correr, nem apressar nada. Desejava sentir tudo, cada gosto, cada cheiro, cada sensação, todos os sentimentos. Tudo muito lentamente. Para que pudesse enfim, aproveitar o que a vida vinha constantemente oferecendo a ela.
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