25.6.09

Contos pra te contar. [1]

Tem uns blogs que acompanho sempre. Gosto de ficar lendo o que as outras pessoas escrevem, o que andam pensando, enfim. Um dos que acompanho, é o do Pedro Neschling. Gosto dos textos dele e adoro uma série que ele bolou chamada Musicando, onde ele escolhe uma música e escreve um conto em cima da letra.

Uma vez, propus ao meu querido Rodrigo (que as vezes é colaborador do blog) fazermos uma brincadeira com as músicas do Los Hermanos (que ambos somos fãs), onde escolheríamos uma música e um escreveria o começo/meio e o outro o fim do conto e vice e versa. Ele não curtiu minha ideia e disse que música cada um interpreta de um jeito. rs Bom, no final das contas, resolvi continuar escrevendo apenas os contos, mas, essa semana me ocorreu algo meio estranho e ouvindo a música Seu Troféu do GRAM, me deu vontade de fazer algo baseado na letra.

Talvez, ninguém entenda o conto e muito menos faça alguma ligação com a letra da música com o mesmo, mas tá aí... Espero que gostem!

Mariana que amava Pedro que amava Júlia

Poderosa. Era assim que ela sentia-se ao pensar no seu plano minuciosamente e diabolicamente planejado.
Ela não fazia idéia do que havia deixado para trás e pouco se importava em saber. Deliciava-se dia após dia, sorrindo internamente por aqueles que enganara, tripudiara e magoara.
Havia pensado em cada passo, em cada palavra, em cada pedaço da construção para aquele personagem que encarnara. Porque ali, naquele mundo, ela tinha sua identidade preservada e podia ser quem quisesse ser. E escolheu ser ruim.
“Essa menina é muito inteligente. Olha só, sabe até falar francês”. E elogio não faltava para aquela pequena alma necessitada de atenção, pois Mariana tinha tudo. O único problema é que ela não era “ela” e não tinha a “ele”. E escolheu ser ruim.
Pedro e Mariana namoravam, mas Pedro ainda amava Júlia. E Júlia alheia a existência de Mariana, mas Mariana sabia da existência de Júlia. Mariana amava Pedro, mas odiava Júlia. Uma “Quadrilha” meio as avessas.
Um dia, Júlia cometeu um erro. Procurou Pedro. Mariana aproveitou a deixa. E escolheu ser ruim. E ela pensou e maquinou. Colocou em prática e desenvolveu. Envolveu. Envolveu e revolveu. Esmiuçou a vida de Júlia e soube de seus desejos, suas histórias, sonhos, planos. Absorveu.
Pedro preocupou-se. Assustou-se com tamanha obsessão. Alertou Mariana que aquele não era o melhor caminho para chegar até seu coração. Ela não se importou. E cada dia mais determinada, mínguou sua própria personalidade para tornar-se Júlia. Mas, não poderiam existir duas dela. E Júlia não poderia mais ser Júlia, pois agora, Mariana era Júlia e Pedro poderia amá-la enfim.
É difícil explicar onde começou exatamente a obsessão de Mariana por Júlia, ou seria por Pedro? Uma incógnita... O fato é que ela deixou de ser ela, para ser ele que conquistou a confiança da outra para descobrir se a outra ainda era interessada no um. Uma história sem pé nem cabeça, mas com começo, meio e fim.
De qualquer maneira, fica a dúvida: será que para Mariana o fim justificará seus meios? Porque agora, Júlia não vive. E Pedro, definitivamente, nunca amará Mariana como um dia amou Júlia.

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Atualizando:

Aqui, a versão do Rodrigo, que definitivamente, não é um chato que não curte interpretar canções. rs Enjoy!

Marina*
 
De todas as feridas, as que doem mais são as de amor, e disso, Marina entendia bem, de tempos em tempos tinha uma nova dose de dor proveniente de um velho novo “amor”. De Marina, alias, além de morena, tem também os olhos da cor do mar, os quais inspiraram seu falecido e amado pai a presentear uma pequena sereia com o nome do mar. Ah, doce mar, se a vida fosse tão doce como aquela outra canção, Marina hoje ainda teria um coração.
O nome do autor da sua desconstrução, se chama João, que com seu encanto, se propôs a encantar. De mansinho, do grande passo, ao passinho, João foi conquistando seu cantinho, determinando o rumo do seu caminho.
Quando tudo ruiu, escravizada Marina estava, João, seu captor, tinha construído a sua cela e tinha sua chave. E fez da vida de Marina uma masmorra, sepultada dentro de si mesma, enterrada nos escombros de suas emoções, oprimida pelos sentimentos declarados abertamente como puros e bons. João tinha consciência, que a fonte do poder que possuía, vinha de Marina, ele era vil, sabia que para atingir o que queria tinha que destruir o que de bom tinha a mocinha.
Mas João transgrediu as regras da vida, oprimiu Marina de um jeito que não podia, estilhaçou seu peito em um pequeno momento, um descuido do capataz que demonstrou, a maldade de seu intento.
João não tinha só Marina, tinha Selmas, Marias e Reginas, e no final das contas ela era somente uma das Marinas expostas na vitrine de suas conquistas.
Morra, Marina! João brandiu com ira, ao ouvir falar que a moça descobriu suas mentiras. Ela se tornou fria, a imagem de um outono já castigado pelos ventos carregados de vozes que a alertaram outros dias. Maltratada Marina, ferida, sem palavras para exprimir toda a dor e agonia, sempre a mesma cena repetidas vezes. Vem e vinha.
A fúria verteu o juízo, corrompeu o que era lindo, de arma em punho vingança jurou Marina, “O mal deve ser ceifado” regozijava ensandecida a menina.
Não era normal, ir aonde for preciso para aplicar o seu castigo, sua única alegria era dar fim à dor que a consumia.
Numa encruzilhada dessa vida, no final da tarde, quase noitinha, João, antes algoz, agora vitima, seu caminho seguia. Morte passou pela cabeça de Marina, hoje cumprirei a minha sina, hoje serei a emissária do destino, hoje encerro meu tormento, pobre Marina.
João já sabia, o que estava acontecendo, baixou os olhos e obedecia, pois em todo tempo, tinha certeza que iria provar do seu próprio veneno. Parou som, parou vento, desacelerou o momento, é o fim se aproxima.
Uma criança no momento corre atrás da bola, uma outra criança volta na memória, correndo nas areias de Mongaguá, pele judiada do sol e os olhos da cor do mar.
De guarda já em baixa, em frente a só mais um triste retrato da insensibilidade, um fragmento infeliz de uma sociedade que não liga pro caráter, ela decidiu naquele instante não ruir, decidiu dar mais uma chance de sorrir. Marina decidiu ser feliz.

*Rodrigo Furquim

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O vídeo com a música:



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Gente, bora comentar! Queremos saber o que vocês acharam da brincadeira e sobre os contos que escrevemos.

Um beijão!

16.6.09

“Quer? Quer! Não quer? Tem quem queira...”?

É assim mesmo que funcionam as coisas? Quando você quer muito alguém, luta por isso ou desiste no primeiro momento de “cudocisse” da pessoa?

Estávamos eu e minha friend Danny, vulgo Broto, batendo aquele papo no MSN e entramos no assunto de “quem- eu- quero- não- me- quer- quem- me- quer- mandei- embora” e pensei: “Por que diabos é tão difícil essa soma infeliz de 1+1=2?”, por que na maioria das vezes estamos sempre investindo nas pessoas “erradas”? Ou melhor, por que a gente costuma não gostar de quem ta ali querendo nosso AMOR? Hein? (risos).

Bom, sempre fui a favor de “Se tu queres, vai à luta”, claro que tudo no limite, né? Se aparentar muito que a pessoa não tá afim de você, sem necessidade de ficar correndo atrás, mas se dá pra ver uma brechinha que seja, então, não custa tentar.

Agora, pensando pelo lado inverso da situação: aquela pessoa fofa (ok, aqui pode entrar uma pessoa mala também) tá super afim e você nem repara, ou até repara, mas nem dá muita conversa, pois é... Alguém aqui acha que vale a pena ficar com quem te quer, mesmo que você não queira?

Em contrapartida, indo de encontro com um velho dito popular “Quem escolhe muito acaba escolhido”, aposto que muita gente por aí acaba se apavorando e deixando pra trás a pessoa LINDA que não te olha, pela FEIA que te quer (só para esclarecer: usei os adjetivos lindo/feio apenas para descrever situações antônimas, não estou aqui falando de aparências, ok) e fica infeliz para sempre apenas pela falta de coragem de lutar um pouquinho pelo que deseja, porque na primeira atitude menos esperada do ser em questão, a gente já pula fora dizendo “Quer? Quer! Não quer? Tem quem queira...” quando o outro talvez só possa estar num dia ruim, em uma crise existencial ou algo do tipo.

Bom, no final das contas eu só consegui dizer para minha amiga, que ela anda querendo as pessoas erradas, o que não a ajudou muito. (risos) Mas, se alguém tiver uma opinião diferente a respeito e quiser compartilhar, seria interessante.
Dicas do Alexandre Inagaki. Tem a ver... Dá uma olhadela:



8.6.09

Me olha nos olhos?

Tem dias que paro pra pensar por que valorizamos tanto a aparência. Por que não notamos os pequenos detalhes da personalidade das pessoas ou até mesmo pequenos trejeitos que a fazem ser alguém?

Às vezes, a gente só quer ser notado pelo jeito que diz certas coisas, pela inteligência, pela forma com que segura um objeto, escreve textos, canta desafinadamente... Enfim, por uma imensidão de pequenos detalhes que se perdem entre bumbuns e peitos empinados.
Claro, não venho aqui dizer que beleza não conta. Conta sim! É legal você se cuidar, ter um cabelo bem tratado, um corpo saudável, uma unha bem arrumada... Mas o interesse das pessoas por você podia ir muito além disso.

E eu fico extremamente incomodada com um cara que só se interesse pela minha aparência. Aquele que vem com um papinho besta, dizendo palavras bonitas, fingindo interesse pelo que gosto, se desmanchando em elogios que me entediam e no fundo no fundo, só quer mesmo me “pegar”.

Sim, algumas vezes, me sinto lisonjeada. Não vim aqui ser hipócrita! Claro que em vários momentos já me derreti por elogios vindos de alguns rostos bem bonitos, mas meu interesse por eles morreu aí. Eram caras superficiais e que nada me acrescentaram.

Pra falar a verdade, o que faz falta e acho que não só pra mim (porque aqui entram interesses de muitos homens e mulheres), são pessoas que se interessem por quem você é na realidade nua e crua, que se interessem pela música que você ouve, pelos livros que anda lendo, que queira ouvir suas histórias bobas, que tenham coração para sentir e acreditar em seus sentimentos.

Falta o olho no olho. Falta a paciência para construir histórias. E é bem como eu disse no meu primeiro texto aqui no blog, as pessoas não estão mais interessadas em criar vínculos. E não estou generalizando, ok. Sei que deve ter muita gente bacana por aí, interessada em conhecer aquilo que é mais interessante no ser humano: sua personalidade.

E da próxima vez que eu levar uma cantadinha barata, vou pedir “Por favor, pode olhar nos meus olhos primeiro e deixar minha bunda pra depois?” (E olha que nem sou a Mulher Melancia) risos.



5.6.09

Monólogo com o chefe.*

Oi gente! Andei ocupada esses dias, por isso a falta de atualização... Mas eis umtexto novo! E dessa vez para os proletários do meu Brasil. Um post sobre relações no trabalho.

Para que uma campanha seja bem elaborada e principalmente tenha um texto coerente e criativo, é muito importante que o Briefing
(1) seja completo, recheado dos desejos do cliente somados aos conceitos que o diretor de criação deseja trabalhar. 

Pois bem, eis que um dos maiores pesadelos de um redator é receber um briefing vago e que abra precedentes para muitas reticências. Mas, para não ficarmos apenas dentro do universo publicitário, vamos abranger essa situação para toda e qualquer profissão em que ocorra diretamente a relação superior X subordinado

Vejamos se concordam comigo: nada pior do que receber um trabalho mal direcionado, certo? E a não ser que você seja muito safo e manje totalmente daquilo que o chefe gosta, fica difícil realizar um trabalho às cegas.

Para ilustrar melhor, vamos acompanhar o que deveria ser um diálogo esclarecedor:


- Chefe, recebi por e-mail sua orientação para redigir um texto que apresente a agência e gostaria de saber se a melhor opção é usar a 1ª ou a 3ª pessoa.
Silêncio constrangedor e ansioso por um direcionamento o redator pergunta:
- Pois é, mandei de volta para seu e-mail uma opção na 1ª pessoa. Você já viu?
O celular dele toca. O chefe vira-se para atender e murmura algumas palavras inaudíveis. Desliga. Ainda ansioso por respostas, o redator retoma o assunto.
- Você pode dar uma olhada e me dizer se é isso mesmo, porque preciso de um direcionamento...
Antes que a frase seja concluída o chefe faz cara de quem se lembrou de algo que deveria fazer, vira as costas e vai saindo.
-Chefe? Chefe! Chefeee...


Alguém aí já protagonizou um monólogo com seu chefe?
Bora comentar. Deixa de timidez, gente

*Um relato fictício, mas que deve acontecer muito por aí. (risos)
(1) Briefing: um apanhado de informações a respeito do cliente, tais como ramo que atua, público alvo, área de abrangência, além do que deve ser trabalhado pela criação. Maiores informações é só clicar.